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Dilma e Aécio minimizam ataques pessoais em debate na Record

Corrupção, segurança pública e inflação foram temas discutidos no encontro

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Depois de dois debates, na Rede Bandeirantes e no SBT, onde não faltaram ataques e trocas de acusações, a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, e seu adversário neste segundo turno, Aécio Neves, voltaram a se encontrar neste domingo na TV Record. O debate teve quatro blocos com a mediação de Adriana Araújo e Celso Freitas. 

Neste terceiro encontro do segundo turno, os presidenciáveis baixaram o tom das acusações e apresentaram algumas propostas. De acordo com a ordem do confronto definida por sorteio, Dilma foi a primeira a perguntar, e questionou o candidato tucano sobre a simplificação do sistema tributário brasileiro, com a universalização da Lei do Simples. Antes de comentar, Aécio agradeceu pela “qualidade” da pergunta da candidata, referindo-se aos ataques feitos entre ambos nos dois últimos debates.

"Governar é aproveitar as boas ideias. Os programas são das pessoas, dos brasileiros. Acredito é que podemos avançar ainda mais", afirmou o senador, que depois declarou que o crescimento do governo Dilma será um “dos mais baixos dos últimos anos”.

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Primeiro bloco

Dilma começa o debate perguntando a Aécio o que ele acha da universalização da lei do Simples (regime de tributação simplificado para micro e pequenas empresas).

Aécio Neves responde que o PSDB foi o criador do sistema, e diz que tem que ampliar o alcance do Simples. E diz que pretende simplificar o sistema tributário para todos os brasileiros, para gerar novos empregos. Aécio diz que está preocupado com o decréscimo da geração de empregos.

Aécio elogia a qualidade da pergunta no debate e diz que governar é aprimorar as boas ideias. Não tem a preocupação de ser dono dos programas, os programas são para todos. Aécio diz que vai fazer o Brasil voltar a crescer e ampliar os programas.

Dilma diz que o Simples cresceu 111% em sua gestão e que o Simples foi universalizado neste ano, com 140 tipos de negócio incluídos no regime tributário. "Trabalhamos para o fim do abismo tributário", concluiu.

Em uma nova pergunta, Aécio cita estatísticas da violência e conclui que, até o final do debate, duas mães estariam chorando as mortes de seus filhos. Ele critica o governo federal, afirmando que 0,4% do orçamento foi gasto com Segurança Pública - R$ 7,9 bilhões, segundo o tucano.

Dilma diz que Aécio está muito pessimista em relação ao crescimento do país, diz que o país não vai crescer 0,3%. Sobre segurança, a presidente diz que vem investindo cada vez mais em segurança pública, e compara os gastos do governo FHC (R$1,2 bilhão) contra o governo atual, que gasta (R$ 4,2 bilhões). Dilma põe em pauta a segurança pública em Minas Gerais durante a gestão tucana, quando aumentou a taxa de homicídios no Estado, enquanto a taxa caiu em toda a região sudeste no mesmo período. Dilma citou o fato de apenas 400 municípios terem delegacia de polícia.

Dilma diz que no Mapa da Violência consta que em Minas os crimes aumentaram 52%, enquanto no Sudeste caíram 37% no período. Sobre os números, Dilma contesta os números dizendo que gasta mais de 17 bilhões de reais em segurança.

Aécio critica o governo federal e cita programas que não chegaram a gastar todos os recursos previstos. O programa "Crack, é possível vencer", gastou 40% dos recursos previstos, segundo o presidenciável.

É a vez de Dilma fazer uma nova pergunta. Ela fala do alto desemprego no Brasil em 2001, quando Aécio era presidente da Câmara. Ele, segundo Dilma, apoiou um projeto de lei tirava direitos da CLT e transformava-os de acordos trabalhistas entre trabalhador e patrão. Dilma então pergunta por que essas medidas podem ser consideradas impopulares.

Aécio diz que durante a Constituinte participou da elaboração do capítulo da elaboração dos direitos dos trabalhadores. Diz que se eleito, vai garantir o direito dos trabalhadores e garantir o aumento real do salário mínimo até 2019. Aécio promete rever o Fator Previdenciário.

Dilma volta a falar do projeto de lei de 2001, que removia direitos trabalhistas da CLT: "O senhor colocou esse projeto na pauta e seu partido votou, mas o Lula se elegeu e enterrou o projeto." Dilma diz que o Brasil tinha, na época 11.500.000 trabalhadores desempregados.

Na tréplica, Aécio diz: "eu a convido para discutir o presente, e não o passado". Evitando a comparação com o governo FHC. Aécio cita a baixa participação da indústria no PIB, cita o termo "sucateada" e repete o jargão "não vamos fazer campanha olhando o retrovisor da história".

Dilma diz que o Brasil tem uma das menores taxas de desemprego da história, 5%, a menor taxa da história. Dilma diz que seu governo criou 5,6 milhões de empregos, dados oficiais. Sobre a inflação, Dilma diz que tem o compromisso de combater de forma drástica. "Eu tenho certeza que a inflação está sob controle e isto é inequívoco". Dilma diz que considera muito grave a história de 3% de inflação, pois assim Aécio iria triplicar o desemprego, chegando a 16% e a taxa de juros chegará a 25%. "A receita é a mesma, recessão e recessão, e o cozinheiro é o mesmo, Armínio Fraga".

Aécio questiona, em uma nova pergunta, por que Dilma disse, no debate passado, que se baixarmos a inflação a 3%, teremos mais desemprego.

Dilma: "O meu governo criou 5 milhões e 600 mil empregos no Brasil. Eu tenho um compromisso de combater a inflação. A inflação não está descontrolada. Eu tenho certeza de que a inflação está sob controle".

Aécio diz que Dilma está equivocada quando o diz que ele governou o país: "Eu ainda não governei o Brasil".

Dilma diz que "vocês governaram, sim, o Brasil, não lave suas mãos, o senhor tem responsabilidades"Sobre o crescimento de outros países, Dilma diz que o Chile é do tamanho do Rio Grande do Sul, mas que a comparação do Brasil deve ser feita com países do porte da Alemanha. "Eu sei que vocês acreditam no FMI, pois você sempre foram lá pedir dinheiro emprestado".

É a vez da Dilma de fazer pergunta. Ela cita o mapa da fome, da ONU, e lembra que recentemente, o Brasil saiu do mapa. Ela depois fala da melhor dos índices sociais e do aumento do poder de compra da classe média durante governos do PT. Pergunta, então, o que Aécio acha disso.

Na resposta, Aécio diz ter orgulho de ter participado do governo FHC. O que preocupa são os números do governo, cita o diretor do Ipea que pediu demissão, e que houve aumento da pobreza extrema no país. Aécio diz que instituições estão sendo contaminadas, como o IBGE, Ipea, pois estão com problemas nos dados. "esta é uma outra herança perversa deste governo, instituições perdendo a credibilidade". 

Dilma lembra que o Plano Real foi aprovado no governo Itamar Franco e ressalta que, quando o PSDB deixou o governo, a inflação era mais alta que no final do governo Itamar. Depois, ela compara o Bolsa Família das gestões petistas com o programa antecessor tucano.

Aécio pede que a candidata não se aproprie do Bolsa Família, diz que o programa pertence aos beneficiários, que sentem medo de perder o benefício. E que no final do programa Bolsa Escola já beneficiava 5 milhões de famílias. O fato de achar que os programas sociais pertencem ao PT é mais uma herança perversa.

Aécio pergunta se o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, deixará suas funções após ser citado por envolvidos no caso de corrupção da Petrobras. "Você confia nele?".

Dilma rebate e pergunta se ele confia nas pessoas do PSDB que também foram acusadas pelo delator Paulo Roberto Costa. Dilma cita a delação do caso do cartel do Metrô e dos trens de São Paulo, e a época, Aécio teria dito que não dá pra acreditar em delator. Dilma diz que "a parte que o senhor deveria me cumprimentar era que, assim que o STF divulgasse suas conclusões, ela iria investigar e divulgar os corruptos". Dilma volta a citar escândalos tucanos, Pasta Rosa, Sivam, Cartel dos Trens entre outros. 

Aécio diz que faltou governança na gestão da Petrobras e ressalta que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, recebia uma porcentagem de propinas pagas por prestadores de serviço da Petrobras.

"Eu fico estarrecida com o senhor falando em governança, com todos aqueles escândalos tucanos engavetados". Dilma diz que o presidente do PSDB teria recebido dinheiro para abafar uma CPI, ao contrário dela, que manda investigar, ela diz que nunca transferiu delegados de cidade para evitar investigações. Dilma diz que ela manda investigar casos de corrupção. "Eu não engavetei 271 processos".

Aécio sorri e diz que o Brasil tem investigações que investigam, e que se não for comprovado nada, as pessoas são inocentes. Não fala sobre o 'engavetador'. Aécio volta às delações de Costa, citando Gleisi e Paulo Bernardo. Cita também que Dilma foi presidente do conselho da Petrobras e não viu os desmandos de Costa. Diz que a nomeação das pessoas são para atender interesses de partidos, não da empresa. Também cita o tesoureiro do PT, João Vaccari, nomeado conselheiro de Itaipú. "A sra diz que vai fazer agora que deveria ter feito ao longo dos últimos 12 anos".

Aécio diz que não foi Dilma quem mandou investigar, "triste de um país onde um presidente manda investigar, isso funcionaria em ditaduras amigas de seu governo"... Aécio questiona o fato de Paulo Roberto Costa não ter sido demitido anteriormente.

Aécio pegunta, em um novo tema, o que ela acha que tem que fazer para melhorar a saúde pública no Brasil.

Dilma diz que os tucanos derrubaram a CPMF e impuseram um grande prejuízo ao orçamento da Saúde no Brasil. Mas diz que apesar disso, os investimentos aumentaram muito. Dilma cita a criação do SAMU, que Aécio só implantou em 28% do Estado de Minas, Dilma citou o Mais Médicos, e que Aécio não tem uma posição clara sobre o programa. Falou de outros programas , como o Brasil Cegonha, programas que combatem doenças como Hipertensão e Diabetes. Falou que vai criar o Mais Especialidades, e disse que com o aporte de novos fundos para saúde, será um grande fator positivo para a saúde do país.

"Eu não quero só um programa para chamar de meu", diz Aécio, citando o Mais Médicos, da gestão Dilma. "Eu quero mais saúde".

O Ministério Público entrou contra o governo de Minas pois o que ela havia dito era verdade, sobre o desvio de verbas da saúde. Dilma lê o que um conselheiro do TCE-MG que afirmou que vacina para cavalos era computado como gasto em saúde.

Segundo bloco do debate

Aécio volta a perguntar sobre a Petrobras para Dilma. "Vou perguntar da Petrobras, mas fique tranquila, não vou falar de corrupção, vou falar de gestão". Ele cita o valor da Petrobras e fala em aparelhamento da estatal. "Você acha justo para o trabalhador?".

Dilma: "Vocês venderam as ações da Petrobras a preço de banana. Vocês não têm a menor moral para falar sobre a Petrobras". Dilma diz que "todos os que investiram na Petrobras vão receber muito dinheiro".

Aécio: "A candidata diz que a Petrobras vai muito bem, obrigada. Mas vai muito mal". "Vamos permitir que a Petrobras volte a ser o orgulho nacional".

Dilma diz que Aécio "é engraçado" e afirma que o candidato tucano pensava em privatizar a Petrobras. "Candidato você é engraçado, quando é ruim, pertence ao PT, quando não é, você diz que é de todos, são dois pesos e duas medidas". 

Dilma diz que Aécio quer privatizar a Petrobras, que mais cedo ou mais tarde ele vai colocar a privatização na pauta, e que quer fazer isso diminuindo seu valor de mercado.

Em nova pergunta, Dilma diz que é preciso unificar as ações de segurança pública. "O crime age de forma unificada, e a polícia age de forma fragmentada." Ela pergunta a Aécio o que ele propõe para a área.

Aécio fala sobre segurança pública: "Eu quero fortalecer a Polícia Federal e quero fazer com que as Forças Armadas sejam nossos parceiros para controlar as nossas fronteiras". Ele diz que vai controlar as fronteiras para que as drogas e as matérias primas não cheguem ao Brasil.

Na réplica, Dilma menciona os centros de integração das polícias federal, civil e militar, que operaram durante a Copa.

Aécio contesta: "A senhora diz que vai fazer algo que já poderia ter sido feito". Aécio diz que Minas tem a quinta menor taxa de homicídio do Brasil. Citou os centros integrados da Copa do Mundo, que poderiam continuar após a final da Copa. Lembrou da promessa de Dilma de colocar 14 drones para monitorar as fronteiras, mas que na verdade só colocou dois.

Em uma nova pergunta, Aécio diz que os bancos públicos sairiam fortalecidos de seu governo. "É justo que a Caixa e o Banco do Brasil estejam recebendo atrasado o dinheiro do Tesouro?". Aécio se dirige ao funcionários dos bancos públicos e diz que eles serão fortalecidos durante o seu governo, caso ele seja eleito. 

Dilma diz que a relação do governo com os bancos públicos é grande, e que teve seus lucros ampliados, seus juros diminuídos e a inadimplência reduzida. Dilma cita que Armínio Fraga afirmou que iria diminuir a participação dos bancos públicos. Cita o BNDES como fomento para empresas, o Banco do Brasil no agronegócio, e a Caixa que financia programas habitacionais, como o Minha Casa, Minha Vida. Para Dilma, não existe investimento em obras de mobilidade urbana, tampouco investimento em longo prazo, sem participação dos bancos públicos.

Dilma pergunta sobre o Pronatec. Ela disse que o governo FHC proibiu escolas técnicas e que o Lula revogou a lei para fazer o Pronatec. "O que o senhor acha disso?".

Aécio diz que a lei estabelecia a construção de Escolas Técnicas em parceria com os Estados e Municípios. Diz que vai manter o Pronatec e que vai aprimorá-lo e aumentar as horas do curso, para melhorar a formação dos alunos.

Dilma diz que, quando o PSDB estava no governo, fez apenas 11 escolas técnicas.

Aécio diz que não foi o governo Dilma que inventou a Escola Técnica. O candidato diz que não existe nenhum programa perfeito, precisam ser melhorados.

Terceiro bloco

O terceiro e último bloco terá dois embates entre os candidatos e as considerações finais. Dilma começa perguntando, Aécio encerra as considerações.

Dilma diz que o Enem tornou-se um exame universal e que serve para acessar muitos cursos universitários. Depois, pergunta o que Aécio acha da universalização do acesso à educação.

Aécio diz que quando pensa em educação, pensa em creche, e diz que as creches prometidas não foram construídas. Dilma prometeu 6 mil e entregou 2 mil e tem mais 4 mil em obras. Aécio fala da nova escola brasileira, quer avançar na escola de tempo de integral, e diz que MG tem a melhor escola de ensino fundamental do Brasil. Diz que precisa estimular os jovens a ficarem na escola, por meio do programa Poupança Jovem, que dá mil reais por ano do ensino médio a cada jovem.

"Os senhores sucatearam o Ensino Superior no Brasil", diz Dilma na réplica. Ela argumenta que uma coisa não pode ser separada da outra: "Sem formar bons professores, não vamos ter boas creches".

Aécio diz que a resposta de Dilma foi confusa e que vai construir as creches que Dilma não entregou. Aécio falou que Dilma não cumpriu o compromisso que fez em 2010, de desonerar do PIS/COFINS das empresas de saneamento básico para aumentar o investimento.

Aécio fala de atrasos nas obras da Transnordestina e da transposição do Rio São Francisco. "Por que obras prometidas no seu governo não foram concluídas?".

Dilma comete ato falho e diz que fez linha de transmissão que "liga a Amazônia ao Brasil".

Dilma diz que concluiu a Ferrovia Norte-Sul, diz que entregaram as usinas de Santo Antonio e Jirau, está construindo a usina de Belo Monte, a integração do Rio São Francisco, o Metrô de Porto Alegre, o Polo Naval de Rio Grande e de Pernambuco, além da linha de transmissão que lida o Brasil ao Amazonas, algo que nunca tinha sido feito. Dilma diz que em obras de infraestrutura foram investidos mais de 200 bilhões, e que em quatro anos, fez mais do que o governo FHC fez em 8. Por isso, segundo Dilma, não houve apagão ou racionamento.

"Os nordestinos não receberam água da transposição, que deveria ter ficada pronta há quatro anos", diz Aécio na réplica. Ele emendou no trem-bala.

Dilma diz que a maior obra de Aécio é o "centro administrativo de MG", prédio que reuniu o governo e todas as secretarias do Estado de MG. Dilma diz que essa história de não fazer PPP é uma lenda criada pelos tucanos, que eles fizeram, sim, muitas parcerias.

Quarto bloco: considerações finais

Dilma agradeceu aos presentes e a quem está em casa. "Ninguém consegue crescer sozinho", diz ela, afirmando que as pessoas cresceram porque o Brasil mudou. Ela diz que os governos do PT diminuíram a pobreza e criaram empregos. "É preciso governar olhando para todos os brasileiros", afirmou. "Não deixe que crise, inflação e pessimismo tire de você o que você conquistou. Queremos fazer com que o governo continue crescendo, para que você continue crescendo. Humildemente peço o seu voto".

Nas considerações finais Aécio diz que existem dois projetos para o país. Diz que Dilma se contenta em comparar o presente com o passado, e diz que sua proposta é sobre o futuro do país. Diz que é candidato para mudar o país, que o país merece um governo que respeite o dinheiro público, que vai melhorar a educação e aproveitar as potencialidades econômicas.