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Dilma reúne aliados e diz que ninguém é dono do eleitor

Já Aécio reafirma "convergências importantes" com programa de Marina

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A candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff, se reuniu nesta terça-feira (7) com integrantes da base aliada para traçar as estratégias para o segundo turno. Participaram do encontro 35 senadores e governadores eleitos, presidentes de partidos da base, além de atuais governadores e senadores. Dilma disse que não pode abrir mão de apoios para o segundo turno, mas disse que o voto é de cada um. “Fico feliz quando me apoiam. Sei perfeitamente, pela experiência política, que ninguém é dono de eleitor”. 

Ela ressaltou que faz um diagnóstico “simples e humilde” sobre a baixa votação que obteve em São Paulo. “Achamos São Paulo um estado muito importante. Eu pretendo dar toda atenção, olhar com muito cuidado, inclusive propostas específicas para São Paulo, e abrir o debate, a discussão e a comunicação em todos os setores de São Paulo”.

Dilma vai começar a busca de votos pelo Nordeste. Nesta quarta-feira (8), ela deve viajar a Teresina e João Pessoa, de onde segue para outras capitais da região. Para ajudar na campanha, o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, está se licenciando do cargo, informou a candidata. Já o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que estava de férias até ontem (6), terá novo período autorizado até o próximo dia 17.

A candidata voltou a elogiar os governos do PT, dizendo que com a expansão da classe média foi possível modificar a pirâmide social do país, onde havia mais pobres do que membros das demais classes sociais. “Isso que transformou o Brasil de forma pacífica e silenciosa, a modificação na distribuição de renda que levou a esse perfil diferenciado”. Dilma defendeu que os próximos governos devem “melhorar a qualidade do emprego para a classe média brasileira”, sem deixar de olhar para os pobres.

Antes da reunião, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse que este não é o momento para pedir apoio a Marina Silva, mas haveria a possibilidade de o partido convergir algumas de suas propostas caso ela decidisse declarar voto a Dilma. “É desrespeitoso, no momento em que ela vai se reunir com seu partido, querer mudar esse resultado. Ela tem cabeça para tomar essa decisão, ainda que não seja uma decisão que nos favoreça. Ninguém na política toma decisões por tomar”, disse. Os partidos da coligação de Marina se reúnem amanhã para discutir os critérios que vão utilizar na escolha.

Perguntado se mudaria seu plano de governo a pedido de Marina, Rui Falcão respondeu: “Se forem alterações que não comprometam nosso ideário, não vejo problema”. Ele defendeu que a campanha seja focada em um debate de projetos. Em entrevista a jornalistas, Dilma concordou, dizendo que haverá uma discussão de “alto nível” baseada em projetos e nas conquistas de cada um dos dois governos anteriores (PT e PSDB). Segundo ela, os presentes na reunião debateram as propostas que a candidata tem apresentado para a saúde e segurança pública. A candidata também voltou a defender a reforma política como a “maior arma” contra a corrupção, ao lado do combate à impunidade.

PSB do Rio declara apoio a Dilma no segundo turno, diz vice do diretório 

A tendência do Partido Socialista Brasileiro (PSB), partido da candidatura de Marina Silva, nessa segunda fase das eleições presidenciais é de apoiar a candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT). De acordo com o vice-presidente do diretório estadual do PSB no Rio de Janeiro, ex-deputado Vivaldo Barbosa, a tendência de apoio no município do Rio já será transmitida à direção nacional do partido.

O deputado afirmou que o apoio à candidata petista se dá pela linha política ideológica e histórica do partido, que teria mais afinidade com as propostas de Dilma Rousseff do que com as de Aécio Neves (PSDB). “Apesar das ressalvas e críticas que nós temos ao governo de Dilma, é muito mais natural que socialistas estejam juntos às propostas de Dilma do que das propostas neoliberais do candidato tucano. A visão de Armínio Fraga é outra coisa que nos distancia de Aécio”, declarou.

A previsão é que a Comissão Executiva Nacional do PSB se reúna já na próxima quarta-feira (7) para debater o assunto, em Brasília, na sede do PSB Nacional, às 14h. A direção nacional do partido tem feito consultas aos diretórios estaduais, mas ainda não é certo se o partido irá se pronunciar nesta semana ou se vai deixar para declarar uma posição de apoio para a próxima segunda-feira, quando ocorrerá nova reunião. 

Barbosa declarou que, nacionalmente, a maioria do partido possui essa tendência de apoio à Dilma, mas, como existem seções do partido que possuem posicionamentos contrários, existe também a possibilidade de o partido não chegar a uma decisão formal. “Mas a maioria do partido, sem dúvida alguma, tem essa tendência de apoiar a Dilma pela própria natureza dos socialistas”, apontou.

Quando às declarações recentes de Marina Silva que, apesar de evitar falar diretamente na possibilidade de aliança com os tucanos, tem sinalizado a possibilidade de apoiar Aécio, Barbosa declarou que a provável decisão de apoio à Dilma é exclusiva do PSB. “Marina Silva é uma entidade que possui as características particulares dela, estamos falando do apoio do PSB”, ressaltou.

Ao comentar as estratégias que adotará ao longo do segundo turno durante a disputa contra o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, Dilma defendeu que o debate entre os adversários seja de “alto nível”. Ela voltou a defender que o eleitor faça comparações entre os governos de Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 2002, e os mandatos dela e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 2003 a 2014.

Aécio Neves reafirma "convergências" com  Marina

O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, reafirmou nesta terça-feira (7) em São Paulo, que vê "convergências importantes" com o programa da candidata derrotada do PSB, Marina Silva. Em visita a um canteiro de obras, na Zona Sul da capital paulista, Aécio disse que o programa de governo "é uma proposta sempre aberta a novas contribuições". "Eu vejo inclusive que há convergências importantes entre as propostas do programa de governo da candidata Marina e as nossas. Agora,  é uma questão que não depende de mim. Temos que respeitar o tempo e as discussões internas de cada um daqueles que se posicionaram em uma direção no primeiro turno. O segundo turno é sim o momento das convergências, das aproximações. Vamos aguardar com muito respeito a movimentação dos outros candidatos", afirmou.

O tucano declarou ainda que a sua candidatura não é mais de um partido, mas que "representa o sentimento amplo de mudança que hoje permeia a sociedade brasileira". Aécio Neves garantiu que, se eleito, vai promover a retomada do crescimento e a geração de empregos. 

Sobre o instituto da reeleição, ele foi cauteloso."Eu não morro de amores pela reeleição. Eu defendo a coincidência dos mandatos e isso envolve outras negociações", disse. "Eu sou a favor do mandato de 5 anos sem reeleição para todos os cargos públicos. A questão deste mandato especial precisa ser discutida no Congresso por uma função especifica. Estamos falando não do fim da reeleição para presidente da República apenas. Então não é uma opção unilateral de candidatos que resolveria o problema. A tese do fim da reeleição e do mandato de 5 anos, é uma tese que eu advogo e defendo há muitos anos', afirmou.

"A presidente Dilma acabou por desmoralizar a reeleição com esta mistura sem limites entre o público, o privado e o partidário, como assistimos nesta eleição. Se eu já tinha dúvidas sobre as vantagens da reeleição, a presidente Dilma acabou por desmoralizá-la", afirmou.

Aécio estava acompanhado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do senador eleito José Serra e de deputados aliados.

No final da tarde, o PPS divulgou nota comunicando o apoio a Aécio. O partido, que faz parte da coligação Unidos pelo Brasil, conclamou as forças democráticas a apoiar a candidatura tucana.

"A sociedade deu um recado muito claro nas urnas contra o governo. Defendemos a união das oposições para derrotar o lulopetismo, afirmando a questão democrática e os princípios republicanos", disse o presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire, durante a reunião da Executiva Nacional.

Para Freire, Aécio não tem problema algum em incorporar propostas que fazem parte do programa de Marina Silva, e o consenso entre os dois é claramente possível.