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Marina diz que foi pouco votada no Acre porque não é herdeira política 

Povo brasileiro é exatamente igual àquela parcela da população que votou nela no Acre: sofrido

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Em uma das entrevistas mais agressivas que, às vezes, beirou a grosseria, a candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, foi duramente questionada pelo apresentador do Jornal Nacional, William Bonner, sobre o uso do avião durante a campanha de Eduardo Campos, que está sendo investigado pela Polícia Federal. Marina disse que não tinha qualquer informação sobre possíveis ilegalidades referentes à postura dos donos da aeronave. "Sabíamos que se tratava de um empréstimo, que seria ressarcido pelo comitê financeiro no encerramento da campanha eleitoral", afirmou.

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"Mas uma coisa é certa: para além das informações do partido há a investigação da PF e nosso interesse é de que essa investigação seja feita com rigor para que a sociedade possa ter esclarecimentos e não se cometa uma injustiça contra a memória de Eduardo Campos", acrescentou.

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Marina Silva foi questionada também sobre o fato de ter ficado em terceiro lugar no Acre, seu estado de origem, nas eleições de 2010, com a metade dos votos do então candidato José Serra. "Esse terceiro lugar não estava tão distante do segundo, que foi a Dilma. É muito difícil ser profeta em sua própria terra. Sabe por quê? Porque, às vezes, a gente tem que confrontar os interesses. Eu venho de uma trajetória política que, desde os meus 17 anos, eu tive que confrontar muitos interesses no meu estado do Acre ao lado de Chico Mendes, ao lado de pessoas que se posicionaram ao lado da Justiça, da defesa dos índios, dos seringueiros, da ética na política. Isso fez com que eu tivesse que seguir uma trajetória que não era o caminho mais fácil. Aliás, na minha vida, nunca é fácil, não é? E, nesse caso, eu era candidata por um partido pequeno, concorrendo contra duas máquinas muito poderosas, com 1 minuto e 20 segundos de televisão. E, mesmo assim, a candidata do PT, que tinha o governo do estado, senadores, deputados, vereadores, prefeitos... Eu fiquei muito próxima a ela".

E a candidata foi mais longe, diante da agressiva pergunta dos entrevistados: "Faço questão de dizer porque eu acho que você tem um certo desconhecimento do que que significa ser senadora vindo da situação que eu vim. Eu não sou filha de político tradicional, não sou filha de nenhum empresário, porque, no meu estado, até a minha eleição, para ser senador da República, era preciso ser filho de ex-governador, era preciso ser filho de alguém que tivesse, de preferência, um jornal, uma TV e uma rádio para falar bem de si mesmo e falar mal daqueles que ficavam defendendo a Justiça...Os acreanos foram muito generosos comigo em muitas vezes. Eu já cheguei a ficar quatro anos sem poder andar na metade do meu estado. Sabe por quê? Porque queriam fazer uma estrada sem estudo de impacto ambiental, sem respeitar terras dos índios e as unidades de conservação. E eu não podia trocar o futuro das futuras gerações pelas próximas eleições". 

Marina também foi questionada sobre as divergências com o seu vice, Beto Albuquerque, quanto a pesquisas embrionárias e transgênicos. "Nós somos diferentes nesses pontos, mas a nova política que pretendemos fazer sabe trabalhar na diversidade e na diferença", ressaltou. "Agora, o fato de o Beto ter uma posição diferente da minha em relação a transgênicos é um aspecto. Há uma lenda de que eu sou contra os transgênicos, mas isso não é verdade. Sabe o que eu defendia quando era ministra do Meio Ambiente? Um modelo  de coexistência: área de transgênico e área livre de transgênico", declarou.

Segundo afirmou, ela e Albuquerque têm uma "visão diferente" em relação a temas como transgênicos e células-tronco, mas tiveram um trabalho conjunto no Congresso quando ele foi o relator da Lei de Gestão de Florestas Públicas. "[Ele] me ajudou a aprovar a Lei da Mata Atlântica e tantas outras medidas importantes para o meio ambiente", disse.

"Gostaria de dizer que um dos projetos mais importantes da história é que possa renovar a política. A velha política tem sido motivo de contenda, da luta do poder pelo poder. Para mim deve ser utilizada para unir as pessoa, para que mesmo com interesses diferentes seja capaz de mediar os conflitos e fazer o melhor para o povo. Me ajude a ser a primeira presidente a assumir o compromisso de ter uma agenda para mudar o Brasil", encerrou Marina.

O que se viu na entrevista de Marina Silva ao JN foi que, em nenhum momento, ela teve aquele gesto que parece educado, mas não deixa de ser sabujo nos agradecimentos de subserviência.