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Domínio de Paes sobre a Câmara dos Vereadores se amplia, dizem analistas

Cesar Maia, ex-prefeito, é apontado como o grande derrotado

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A vitória expressiva de Eduardo Paes (PMDB) na disputa pela reeleição teve reflexos também na Câmara dos Vereadores. Se antes já teve vida fácil por deter a maioria, no segundo mandato o domínio do prefeito sobre a casa legislativa deve sair ainda maior, mesmo com o crescimento do PSOL, segundo os especialistas ouvidos pelo Jornal do Brasil.

Ao contrário do que se imaginava, todos os 51 parlamentares eleitos precisaram da ajuda dos votos do partido para alcançar o coeficiente eleitoral, que garante uma cadeira na Câmara. O PMDB segue como a maior bancada, com 13 vereadores. PT e PSOL têm quatro, seguidos por DEM, PSDC e PP, com três. Outras 14 legendas conseguiram representação na casa.

Para o cientista político Eurico Figueiredo, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), a situação terá um espaço ainda maior na nova legislatura:

"Melhora a condição da situação, não só porque o PMDB ampliou sua representação, como também os partidos aliados estão mais fortes. O grande líder oposicionista seria o Cesar Maia, que teve uma votação bem abaixo do esperado. Para Paes, vai ser mais fácil essa relação com o legislativo", argumenta.

Paulo Baía, sociólogo e cientista político da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), acredita que, na prática, a oposição não teve nenhum crescimento, mesmo com a bancada do PSOL tendo dobrado:

"O prefeito Eduardo Paes tem ampla maioria. Formalmente há 12 vereadores de oposição, mas a maior parte deles devem votar junto com a situação. São, na verdade, cinco oposicionistas e um nebuloso. Cesar Maia é um deles, mas os outros dois eleitos pelo DEM [Carlo Caiado e Tio Carlos] apoiarão o Paes. Caiado, apesar de ser ligado ao Maia, também tem forte conexão com o Paes desde os tempos em que ele era subprefeito", afirma. 

Para ele, a bancada do PSOL - a maior dentre os oposicionistas - não deve ter uma postura figadal, mantendo a coerência que seus vereadores tiveram na última legislatura:

"Os vereadores mais votados do PSOL [Paulo Pinheiro e Eliomar Coelho] são experientes e testados, não atrapalham propostas do governo que são boas para a população, por fazer oposição pela oposição. Os outros dois [Renato Cinco e Jefferson Moura] estão em primeiro mandato, mas têm vivência em movimentos sociais e devem seguir a mesma linha dos demais. O nebuloso é o Elton Babu (PT), que ninguém sabe como vai se comportar ao certo", conclui. 

Babu é irmão de Jorge Babu, ex-policial civil e ex-vereador do PT que foi preso por envolvimento com as milícias da Zona Oeste e acabou expulso do partido.

Já o cientista político João Feres Junior, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Uerj, destaca que o ex-prefeito Maia sai como o grande derrotado do pleito, tanto na disputa pela prefeitura, quanto na votação como vereador:

"O perfil da Câmara não muda após essa eleição. O Cesar Maia achou que ia fazer uma bancada de oposição, só levou consigo dois vereadores. Ele foi o grande derrotado, está acabado politicamente e perdeu seu espaço político. O desempenho de seu filho [Rodrigo Maia] na eleição para prefeito foi pífio e ele ficou muito longe de ser o vereador mais votado, como se especulava. O PSOL tinha a obrigação de dobrar a bancada, por ter lançado candidato à prefeitura", conclui.