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Grandes empreiteiras agradam aos maiores partidos com R$ 54 milhões

Maiores partidos do país, PMDB, PT e PSDB concentram 63% dos recursos

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Grandes beneficiárias de contratos com o poder público, as maiores empreiteiras do Brasil não economizam doações, nem sequer fazem distinção ideológica nestas eleições. Juntas, sete delas já contribuíram com mais de R$ 50 milhões para as mais variadas legendas e candidatos ao redor de todo o Brasil. Em geral, estas empresas optam por repassar os recursos às direções nacionais dos partidos políticos, que depois os repassam aos candidatos.

No levantamento do Jornal do Brasil, as construturas Andrade Gutierrez, OAS, Queiroz Galvão, Carioca Cristiani-Nielsen, Odebretch, Carvalho Hosken e Camargo Correa doaram um total de R$ 54.440.000, de acordo com a segunda parcial da prestação de contas de campanha, divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). São doações, lembre-se, oficiais, registradas, no chamado Caixa 1.

A influência destas empresas não é pequena. Juntas, dominam considerável parte dos recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e participam da construção de diversos equipamentos para a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, além de atuarem em outros ramos, como a construção de usina hidrelétricas e de linhas de metrô. 

Do total empenhado na atual campanha eleitoral pelas empreiteiras, apenas R$ 6,4 milhões foram destinados diretamente a candidatos, pouco mais de 11%. Em 2012, as doações tem sido prioritariamente para comitês nacionais e estaduais. Estes, por sua vez, repassam o valor para os diretórios municipais, dificultando mais ainda estabelecer o destino dos recursos.

Segundo Gil Castelo Branco, secretário-executivo da ONG Contas Abertas, esta é uma estratégia corriqueira para empresas que financiam campanhas. Ele explica que esta é uma forma evitar associações com determinados candidatos:

"Os doadores estão preferindo dar para os comitês. Os partidos não prestam contas do dinheiro que destinam a cada campanha imediatamente, então não podemos relacionar a doação ao partido para um candidato. E nós sabemos que a doação é quase sempre para o candidato. O brasileiro tem a cultura histórica de doar para o candidato", afirma, em entrevista publicada pelo JB recentemente.

A empresa que mais gastou até aqui foi a Andrade Gutierrez, que empenhou mais de R$ 23 milhões. Outros valores expressivos foram doados pela Queiroz Galvão (R$ 7,2 milhões) e Carioca Cristiani-Nielsen (R$ 7 milhões).

A OAS foi a segunda a "investir" na campanha com mais de R$ 21 milhões. Destacou-se também por ser a que mais doou para candidaturas, em um total de R$ 5,15 milhões. Apostou pesado no Partido dos Trabalhadores. Dos19 beneficiados, 14 são petistas. Seis deles são candidatos às Câmaras Municipais de São Paulo.

O sétimo candidato a vereador foi César Maia, do DEM, ex-prefeito, que recebeu R$ 50 mil, metade do que conquistado por cada candidato a vereador petista da capital paulista. Provavelmente porque outros R$ 50 mil foram doados ao filho dele, Rodrigo Maia, único candidato à prefeitura carioca que mereceu doação da empreiteira. 

PMDB, PT e PSDB dominam doações

Protagonistas da política brasileira nos últimos vinte anos, PDMB, PT e PSDB concentram boa parte das doações das empreiteiras analisadas pelo JB, o que demonstra que não existe exigência ideológica. Elas procuram estar bem com todos os partidos. Somados, os três partidos ostentam aproximadamente R$ 34,5 dos mais de R$ 54 milhões desembolsados pelas empreiteiras nesta corrida eleitoral, cerca de 63% dos recursos. 

Maior partido político do Brasil, o PMDB também foi o que mais recebeu recursos de empreiteiras para suas campanhas até agora. Ao todo, a legenda, que governa estados como o Rio de Janeiro e o Maranhão, arrecadou aproximadamente R$ 13,7 milhões com as empresas listadas.

O PT, que ocupa a presidência há 10 anos e tem  a maior bancada no Congresso, vem em segundo lugar no ranking das empreiteiras: recebeu R$ 11,4 milhões.

No comando de São Paulo, estado mais rico do Brasil, o PSDB é o terceiro colocado na preferência das construtoras, com cerca de R$ 9,37 milhões.

O rápido crescimento do PSB no cenário político brasileiro também se traduz na benevocência das empreiteiras. O partido de Eduardo Campos ficou na quarta colocação e ganhou R$ 6 milhões.

O PSD, de Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo, recebeu R$ 4,15 milhões, dos quais R$ 3,7 milhões foram doados apenas pela Andrade Gutierrez. Completam a lista de grandes beneficiários o PR, que ocupa o Ministério dos Transportes - R$ 2,2 milhões - e o DEM, que governa Santa Catarina e Rio Grande do Norte, levou R$ 2,05 milhões.

Candidatos ideologicamente diversos 

As doações da OAS para os candidatos agradam a todas as matizes ideológicas. Quem mais recebeu foi o petista Fernando Haddad, que concorre à prefeitura paulista - R$ 1 milhão. Seu adversário, o tucano José Serra levou apenas R$ 750 mil, mas o líder nas pesquisas, Celso Russomano (PRB) nada ganhou.

Na Bahia, terra de origem da construtora, Nelson Pellegrino, do PT, abocanhou R$ 850 mil e o ex-prefeito Mario Kertesz, do PMDB, conseguiu R$ 500 mil.

No Recife, Humberto Costa, também do PT, levou R$ 500 mil. Mas, pelo jeito, a construtora não botou muita fé no candidato do governador Eduardo Campos. Para a campanha de Geraldo Júlio de Mello Filho, do PSB, ela doou exatamente a metade do que deu ao petista: R$ 250 mil.

No Rio de Janeiro a Carvalho Hosken apostou em três candidatos à prefeitura. O prefeito Eduardo Paes (PMDB) levou R$ 150 mil. Rodrigo Maia, do DEM, ganhou apenas R$ 75 mil, mas seu pai, César, ex-prefeito, candidato a vereador recebeu a mesma quantia. O tucano Otávio Leite teve direito a apenas R$ 50 mil, metade do valor que a construtora doou a André Esteves, do PV, que tenta chegar à Câmara pela primeira vez. Também receberam dela R$ 50 mil os vereadores Rosa Fernandes (PMDB) e Carlo Caiado (DEM).