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MG: 'nanicos' atacam Patrus e Lacerda em debate polarizado 

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O debate entre os quatro candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte, transmitido na noite desta quinta-feira pela Rede Bandeirantes, foi marcado por um problema técnico no início e por um confronto monopolizado entre os dois principais adversários, Patrus Ananias (PT) e Marcio Lacerda (PSB). Participaram ainda os candidatos Alfredo Flister (PHS) e Maria da Consolação (PSOL).

O primeiro bloco foi anulado depois de cerca de dez minutos de intervalo. A coordenação da campanha do prefeito Marcio Lacerda reclamou de problemas no áudio enquanto o candidato respondia à primeira pergunta. O assessor de Lacerda, Regis Souto, chegou a dizer para um dos repórteres da emissora que o prefeito abandonaria caso o problema continuasse.

O debate já estava, naquela altura, no segundo bloco. Mesmo assim, o mediador, jornalista Paulo Leite, interrompeu a sessão de perguntas e respostas e anunciou que a coordenação da emissora havia decidido anular o primeiro bloco e refazê-lo, o que aconteceu depois de um longo intervalo.

Depois que os quatro candidatos responderam a perguntas feitas por representantes da sociedade e entidades, começou o segundo bloco, monopolizado entre os dois principais concorrentes, que tiveram neste momento o primeiro embate.

Patrus Ananias foi quem direcionou a primeira pergunta para Lacerda. O petista quis saber quais eram as propostas do adversário para a área cultural na capital mineira. Em sua resposta, Lacerda destacou que os investimentos em Cultura saltaram de R3 milhões para R$ 12 milhões em sua gestão: "Além disso, lançamos editais para reforçar eventos culturais em BH. Houve o renascimento do Carnaval, com o desfile de 140 blocos, então há bastante dinamismo nessa área em Belo Horizonte."

Na réplica, Patrus também destacou as realizações na área, enquanto foi prefeito, de 1993 a 1996, e prometeu, se eleito, colocar em funcionamento os centros regionais de cultura, além de incentivar a melhor utilização dos espaços públicos em BH.

Na pergunta seguinte, Lacerda perguntou a Patrus se ele acreditava, como teria dito em oportunidade anterior, que a cooperação do governo federal com a Prefeitura de BH seria maior caso o prefeito fosse do PT: "O senhor acha que a presidente Dilma não vai ajudar se o prefeito for de outro partido?"

Patrus respondeu que o governo federal atual, assim como o anterior, do presidente Lula, não tem o perfil de retaliação: "A presidente Dilma não tem essa linha, tanto que diversas obras (em BH) tiveram verbas do governo federal (...) O governo federal não discrimina, o que precisa é de uma ação enérgica do governo municipal para estreitar essa parceria," disse.

O prefeito rebateu e afirmou que tem feito esse papel de mediador entre a Prefeitura de Belo Horizonte e o governo Dilma: "Nunca se fez tanta obra em Belo Horizonte, temos feito muita movimentação para agilizar os processos." O candidato petista, na tréplica, atacou o socialista, lembrando que "as principais obras que a cidade necessita estão paradas, como o metrô, o Rodoanel e o Anel Rodoviário."

Ainda neste segundo bloco, a candidata Maria da Consolação perguntou a Alfredo Flister o que ele achava do acordo entre PT e PSB que já estava praticamente alinhavado e que, por desavenças entre os dois partidos, foi rompido.

Para responder, Flister atacou os padrinhos políticos dos dois candidatos, o ex-presidente Lula e o senador Aécio Neves, a quem acusou de interferir no processo de escolha das candidaturas. Flister também aproveitou para negar que seja candidato "laranja" a serviço de Marcio Lacerda, como teriam espalhados alguns militantes do PT: "O PHS está na disputa para ganhar", afirmou.

Consolação engrossou o coro de criticas aos dois caciques do PT e PSDB: "Um dia é o meu padrinho, Lula, ou meu padrinho Collor, no outro dia o meu padrinho Aécio. O certo é que não dá para ser assim. Belo Horizonte não pode ficar nas mãos desses poderosos", disse.

O assunto Copa do Mundo também foi abordado. A candidata Maria da Consolação e Flister atacaram o que chamaram de "mau uso do dinheiro publico". "As candidaturas são financiadas por empreiteiras e aí o que acontece, transformam Belo Horizonte num enorme buraco para fazer a alegria de apenas 20 mil turistas que vão ver nove jogos. Belo Horizonte não precisa disso," afirmou.

No quarto bloco, os candidatos responderam às perguntas feitas por jornalistas ligados ao grupo Bandeirantes. Logo no início, o candidato Patrus Ananias foi obrigado a responder sobre um assunto delicado, a criação do sistema chamado de Escola Plural, no qual os alunos não eram reprovados mesmo que tivessem notas insuficientes. Este sistema foi banido na atual administração de Marcio Lacerda.

Patrus respondeu dizendo que "tudo de bom que existe agora na rede de educação começou no sistema implantado na minha gestão" mas reconheceu as falhas do sistema: "Nada nasce pronto, perfeito, só erra quem ousa", afirmou.

Lacerda aproveitou para ressaltar a mudança feita em sua gestão e atacou o sistema implantado pelo adversário lembrando o principal problema da Escola Plural, em que alunos eram aprovados automaticamente e "chegavam aos 14, 15 anos sem saber ler ou escrever."

Nesta etapa do debate, outros assuntos também foram tratados, mas sem a apresentação de propostas concretas, como o aumento no número de usuários de drogas, principalmente o crack.

O quinto e o último bloco começaram com quase uma hora de atraso, devido ao problema técnico ocorrido no início do programa. Os dois principais candidatos mantiveram a linha de não ataques e focaram apenas nas realizações de cada gestão. Apenas os outros participantes, que em alguns momentos atacaram a gestão de Marcio Lacerda, principalmente quando foram debatidos os assuntos Lagoa da Pampulha e coleta seletiva de lixo.

Avaliações

Todos os candidatos consideraram como positivas suas participações no debate. A candidata Maria da Consolação disse que "foi uma ótima oportunidade para a população diferenciar as candidaturas dos poderosos daquela que realmente tem propostas."

Flister disse que "foi um debate bom porque, na medida do possível, consegui colocar algumas ideias, principalmente pelo fato de eu ter pouco tempo (de campanha) na TV."

O candidato Patrus Ananias avaliou que teve um bom desempenho frente aos adversários: "Eu penso que ficou claro que temos propostas claras para Belo Horizonte."

Por fim, o socialista Marcio Lacerda aproveitou para marcar mais uma vez a distância entre ele e Ananias, seu principal oponente: "A diferença é que nós já estamos fazendo e eles prometendo", afirmou.