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Melhorias para policiais está entre desafios de Dillma, diz especialista

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De acordo com Jorge da Silva, especialista em segurança pública da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e da Universidade Federal Fluminense (UFF), os principais desafios na área de segurança para a presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), são a melhoria das condições de trabalho dos policiais, o aumento do patrulhamento das fronteiras e do litoral brasileiro e o fim de privilégios, como prisão especial e o foro privilegiado.

O especialista, que já ocupou a presidência do Instituto de Segurança Pública do Rio, elogiou a postura de Dilma em incentivar o policiamento comunitário em todos os Estados, como acontece no Rio de Janeiro, com as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). Para Silva, a presidente eleita também precisará se concentrar em questões fundamentais para a melhoria da segurança pública, como as condições de trabalho dos policiais, incluindo aumento de salário.

"Nós sabemos que hoje os policiais no Brasil ganham salários irrisórios. Existe a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 300 que prevê aumento de salário para policiais de todo o país, que o governo federal deixou de lado. As pessoas no Brasil querem que os policiais ganhem uma miséria e sejam honestos. Aí não tem condição", diz.

Segundo o ex-presidente do Instituto de Segurança Pública do Rio, o governo federal deveria focar nas suas atribuições constitucionais, como a garantia da segurança das fronteiras e da costa brasileira, para impedir a ação de criminosos nessas áreas. Para isso, Jorge da Silva defende a atuação das Forças Armadas nessas regiões ou a criação de uma polícia de fronteira, a exemplo de outros países.

Outra questão apontada pelo especialista é a necessidade de reforma do sistema penitenciário.

"O sistema penitenciário existe como um depósito de gente pobre. Para mexer nisso, é preciso acabar com esses institutos, como a prisão especial e a imunidade parlamentar. O governo precisa fazer sua parte, porque, se esperar o Congresso, o Congresso não vai fazer", afirma. Jorge da Silva também diz que o governo de Dilma precisaria investir numa mudança de paradigma das instituições policiais, que hoje funcionam sob uma ótica militar. "A polícia brasileira, principalmente a dos estados, atua com um ethos militarista e não policial".