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Serra diz que acusações sobre ex-diretor da Dersa são falsas

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Após participar da missa de encerramento às comemorações de Nossa Senhora da Aparecida, nesta terça-feira (12), o candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, concedeu uma entrevista coletiva à imprensa e afirmou ser "absolutamente falso" o que disse sua oponente Dilma Rousseff (PT) a respeito de uma suposta apropriação de R$ 4 milhões pelo ex-diretor da Dersa, Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto. No debate da TV Bandeirantes, realizado no último domingo (10), a petista afirmou que o montante deveria ter sido entregue à campanha tucana e não foi.

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, publicada nesta terça-feira, Paulo Vieira pediu que Dilma apresente provas contra ele e cobrou de Serra uma defesa sobre as acusações. O ex-diretor de engenharia da Dersa deu, segundo o jornal, um recado para antigos companheiros: "não se larga um líder ferido na estrada a troco de nada. Não cometam esse erro".

No início da tarde desta terça, Serra alegou que Paulo nunca trabalhou na arrecadação de verba para financiar a campanha e desmentiu a matéria da revista Istoé, onde o engenheiro era acusado de ter procurado empresários e pedido colaboração para a campanha, para depois sumir com o dinheiro.

O tucano garante que "em absoluto, não houve nada parecido". Ele também afirmou que a acusação contra o ex-diretor é "injusta" e assegurou não ter havido nenhum desvio por parte de ninguém em sua campanha. "Isso tinha sido uma bobagem que saiu numa reportagem de uma revista, inclusive, tratando Paulo Souza de maneira preconceituosa, com um apelido preconceituoso", afirmou, dizendo ainda que "só sabia que o engenheiro era muito competente e que nunca ouviu nenhuma acusação contra ele".

Questionado sobre o tom de ameaça da entrevista de Paulo à Folha de São Paulo, Serra respondeu: "acho curioso dar para esse fato uma importância que, de fato, ele não tem". O candidato se esquivou das perguntas relacionadas a esse assunto e afirmou que não leu a entrevista. As respostas eram substituídas por ataques às afirmações de Dilma no debate. "Eu fico curioso porque a preocupação de Dilma Rousseff é com problemas internos da nossa campanha, enquanto a nossa preocupação com desvios é na Casa Civil, com o dinheiro público dos contribuintes", disse o tucano. Em outra oportunidade, afirmou: "isso é fantasia pura e falta de assunto por parte da candidata (Dilma)".

Sobre o fato de não ter rebatido a acusação no debate de domingo, Serra se explicou: "a candidata colocou isso no final de uma resposta dela (da tréplica) e eu não tinha, no momento seguinte, a palavra para falar".

Cerimônia O tucano recebeu recepção calorosa dos fiéis em Aparecida. Serra estava acompanhado de sua esposa, Monica Allende, de seu vice, Índio da Costa, do governador eleito de São paulo, Geraldo Alckmin e do prefeito Gilberto Kassab. Cerca de 35 mil cristãos, segundo a organização do evento, participaram da missa.

Serra aproveitou a oportunidade para reforçar seus "valores" éticos e morais. No "Dia das Crianças", o tucano destacou o valor que dá às crianças. "Desde sua concepção", pontuou, em relação à recente polêmica que assombra sua adversária a respeito da descriminalização do aborto.

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Personagem central do debate realizado no último domingo (10) pela TV Bandeirantes, o ex-diretor da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, apareceu e deu entrevista à repórter Andréa Michael, do jornal Folha de São Paulo, publicada nesta terça-feira (12). Paulo cobrou que Dilma Rousseff (PT) apresente provas contra ele, mas cobrou também que José Serra o defenda. Ele disse que todas as suas "atitudes" foram informadas a Serra e garantiu: "não somos amigos, mas ele (Serra) me conhece muito bem. Até por uma questão de satisfação ao País, ele tem que responder (...) Acho um absurso não ter resposta, porque quem cala consente".

No debate de domingo, Dilma Rousseff perguntou a José Serra o que ele teria a dizer sobre "seu assessor que fugiu com R$ 4 milhões, dinheiro de sua campanha". Ainda na conversa com o jornal Folha de São Paulo, o ex-diretor de engenharia da Dersa deu, segundo o jornal, um recado para antigos companheiros: "não se larga um líder ferido na estrada a troco de nada. Não cometam esse erro".

Nessa segunda-feira (11), o tucano paulista, em caminhada pelas ruas do centro de Goiânia, afirmou que não conhecia Paulo Preto. "Nunca ouvi falar. Ele foi um factóide criado para que vocês (imprensa) fiquem perguntando". Serra ainda falou que não iria gastar horas de um debate nacional discutindo "bobagens".

As denúncias contra Paulo Preto foram publicadas pelas revistas Veja e Istoé . Chamado de "homem-bomba do PSDB", a matéria da Veja, publicada em maio deste ano, revelava que Paulo Preto havia sido demitido oito dias depois de ter inaugurado o trecho sul do Rodoanel, em São Paulo. A Istoé completou a denúncia em agosto, em uma matéria em que tucanos contaram que Preto teria arrecadado R$ 4 milhões não declarados pelo PSDB. Preto e o partido negam. Na entrevista à Folha de São Paulo, Paulo Preto diz que não irá processar Dilma porque "ela foi pautada por falsas informações publicadas".

O engenheiro nega ter arrecadado recursos para o partido, mas admite que criou as melhores condições para que houvesse aporte de recursos em campanhas. Diz ele que deu a palavra final e fez os pagamentos nos prazos às empreiteiras que atuaram nas grandes obras de São Paulo, como o Rodoanel, a avenida Jacú-Pêssego e a ampliação da Marginal. Afirmou ,Paulo Preto, à Folha de São Paulo: "ninguém nesse governo deu condições das empresas apoiarem (sic) mais recursos politicamente do que eu". Descreve ainda o jornal que, desde criança, Paulo Preto sabia o que seria na vida: "rico".

Na entrevista, o engenheiro reafirmou sua amizade com o senador eleito de São Paulo, Aloysio Nunes (PSDB), a quem assessorou durante o governo FHC. O senador não respondeu à entrevista da Folha de São Paulo.