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Greve impede chegada de mercadorias à Ceagesp em São Paulo

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O movimento dos caminhoneiros impediu, nesta quinta-feira (24), a chegada de mercadorias à Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), a maior central de abastecimento de frutas, legumes, verduras, flores, pescados e diversos outros produtos, como alho, batata, cebola, coco seco e ovos, da América Latina. 

Segundo a Ceagesp, a maioria dos atacadistas de todos os segmentos do Entreposto Terminal São Paulo não recebeu produtos hoje. Houve poucas exceções, com os transportadores que conseguiram desembarcar mercadorias trazidas por rotas alternativas que não passavam pelos pontos de mobilização dos caminhoneiros. 

“Alguns produtos provenientes de outros estados já começaram a faltar no mercado, como o mamão formosa, o melão e o maracujá. Outros, como a batata, registraram alta nos preços praticados devido à pouca oferta do produto. No Pavilhão Mercado Livre do Produtor, onde são comercializadas verduras e hortaliças, operou-se hoje com menos de 50% de sua capacidade, ocasionando uma subsequente elevação de preços”, diz nota da Ceagesp.

A produção recebida, que veio do interior paulista, conseguiu chegar aos entrepostos, mas em pequenas quantidades. Foi o que ocorreu principalmente com as citrícolas, verduras e boa parte dos legumes. 

De acordo com a Ceagesp, o preço de alguns produtos escassos no mercado tende a subir. No entanto, como os compradores também não estão conseguindo chegar ao entreposto – especialmente de outros estados – parte das mercadorias registrou queda de preço, principalmente os perecíveis.

Combustível

O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de São Paulo (Sincopetro) informou, no início da noite de hoje, que a gasolina comum e o etanol praticamente se esgotaram nos postos do estado. Segundo o Sincopetro, estão disponíveis, mas apenas em pequenas quantidades, gasolinas especiais e diesel.

“Nós trabalhamos com três dias de estoques nos tanques de 99% dos postos. Ficamos sem receber terça, quarta, e quinta. Poderia até sobrar alguma coisinha, mas, como houve corrida aos postos, praticamente se esgota [álcool e gasolina comum] hoje”, disse o presidente do Sincopetro, José Alberto Paiva Gouveia.

Conforme estimativa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o reflexo para o comércio varejista na cidade de São Paulo pode acarretar perdas de vendas de até R$ 570 milhões por dia. No cenário estadual, a calcula que o prejuízo diário pode atingir R$ 1,8 bilhão e, no nacional, R$ 5,4 bilhões.

“O prejuízo nas vendas dos bens não duráveis, como alimentos, remédios e gasolina, pode ser visto como um primeiro alarme. No entanto, se a crise persistir, o problema pode se estender para as vendas de bens duráveis, como veículos, eletrodomésticos e materiais de construção, gerando uma crise geral para o setor”, disse a entidade em nota.

A mobilização dos caminhoneiros também está afetando o comércio eletrônico no país. A Ebit, empresa de informações sobre o comércio eletrônico brasileiro, reduziu em 7,4 pontos percentuais – de 20,7% para 13,3% - a expectativa de crescimento para o setor no mês de maio, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Segundo a entidade, as vendas diárias nos últimos dias foram, em média, 20% menores do que o esperado pelo setor. "O consumidor está com receio de comprar no comércio eletrônico porque uma situação como essa de greve gera incerteza com relação a entrega do produto", disse em nota a Ebit.