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Bancos X Empresas: Lucros voltam, mas margem dos bancos é maior

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Após três anos de pesadas perdas das empresas com a maior recessão da história do Brasil (em 2015 e 2016), o fim da temporada de publicação obrigatória de balanços das sociedades anônimas de capital aberto referentes ao primeiro trimestre de 2018 já permite ver, pelos resultados líquidos, quem começa a se recuperar e quem ainda está afogado em dívidas e dificuldades para a retomada do mercado. 

Levantamento da SABE Consultores Associados para o JORNAL DO BRASIL, com os balanços de 235 empresas de capital aberto, indicou tanto fortes aumentos de lucros, como ainda pesados prejuízos. Luiz Guilherme Dias, diretor da SABE, chama a atenção para o descompasso do crescimento do lucro das 235 empresas (5,88%) para a margem de aumento dos lucros dos bancos. 

Maiores e piores 

De um modo geral, houve concentração de lucros em torno de 157 empresas na lista, que acumularam ganhos de R$ 40,3 bilhões. E 10 empresas com os melhores desempenhos lucraram R$ 23,8 bilhões, concentrando 64,3% dos ganhos das empresas no azul. Já 88 empresas deram prejuízos acumulados de R$ 3,3 bilhões, sendo  que as 10 mais negativas concentraram 57% dos prejuízos do conjunto (R$ 1,9 bilhões). Nos bancos, nenhum resultado negativo. O ganho mais expressivo (89,8%) foi do Banrisul, seguido do espanhol Santander: 54,4%. Na lista dos bons resultados, o mais extraordinário aumento de lucro foi da Companhia Siderúrgica Nacional, que saltou de R$ 117,6 milhões para R$ 1.486,5 milhões, um aumento de 1.163,87%. O segundo melhor desempenho veio da petroquímica Unipar, com aumento de 400,90%. O terceiro melhor voo foi da Azul linhas aéreas, com aumento de 280,75%. 

Gigantes do lucro 

A Petrobras, que saiu de um lucro de R$ 4.449 milhões no primeiro trimestre de 2017 para lucro de R$ 6.961 milhões, engordado pela alienação dos poços de Lapa, Iara e Carcará, na área do pré-sal, por R$ 3,223 bilhões, praticamente metade do ganho, registrou o maior aumento em volume. Um ganho discutível, por que obtido com a venda de ativos que poder ser mais rentáveis no futuro, com a retomada da alta do petróleo. A segunda empresa de maior lucro foi a Vale, com R$ 5.173 milhões.

A Ambev ficou com o terceiro maior lucro (R$ 2.597 milhões), à frente da Itaúsa, com R$ 2.420 milhões. Uma das holdings que controla a Alpargatas, a Duratex e a Deca, a Itaúsa ganha também no controle do Banco ItaúUnibanco, responsável pelo maior lucro do setor bancário. 

Depois da CSN, o maior ganho em volume entre as empresas foi da Fibria, que lucrou R$ 615,1 milhões no trimestre, aumento de 86,97% (ou R$  286,1 milhões). Vale lembrar que a Suzano Papel e Celulose, que comprou em abril o controle da Fibria, lucrou R$ 813,1 milhões. Assim, com a soma de ambas, Suzano, empresa líder do mercado mundial de celulose de eucalipto (fibra curta), já entra no segundo trimestre.  na faixa dos lucros bilionários

Outro desempenho extraordinário, aponta  Luiz Guilherme Dias, diretor da SABE, foi do Magazine Luiza, com aumento de 151,84%, sem paralelo no setor de comércio varejista. A Rede Energia também teve salto acima de 100% no lucro (128,39%, alcançando R$ 168,3 milhões. A supersafra agrícola de 2017 e praticamente mantida este ano favoreceu a SLC Agrícola, produtora de implementos para a lavoura, que ganhou R$ 169,2 milhões, num aumento de 101,64%., destaca Luiz Guilherme.

Merece destaque, numa quadra em que as empresas de construção pesada que se aventuraram pela área de exploração de petróleo e gás ou na produção de bens para a Exploração&Produção de petróleo&gás entraram em parafuso desde a Lava-Jato, o desempenho da Queiroz Galvão Exploração e Produção de Petróleo Participações, com aumento de 271,80% no lucro líquido. 

Luiz Guilherme chama a atenção para  o fato de que os custos financeiros expressos pelas altas taxas de juros paga ao mercado concentrado dos bancos acaba sendo fator de desequilíbrio diante do setor financeiro. Grandes empresas podem recorrer ao mercado de capitais (nacional e internacional) lançando papéis de longo prazo a juros baixos. Mas as pequenas e médias empresas e as que estão endividadas não dispõem da válvula de escape e caem num terreno pantanoso de difícil salvação, pondera.