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Alimentos saudáveis caíram até 17,6%; remédios e planos elevam inflação

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A turma da alimentação saudável ganhou mais um argumento, ontem, com a divulgação da inflação de abril pelo IBGE. Embora o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tenha registrado 0,22% em abril, elevando a inflação em 12 meses para 2,76%, o preço da alimentação em casa registrou queda de 4,68% no mesmo período. Mais do que isso, dentro do universo de ítens que compramos em mercados e feiras, o preço de alimentos associados à uma boa dieta despencou. É o caso, por exemplo, dos cereais, leguminosas e oleaginosas (-17,6%), e das frutas (-5,4%). E o feijão, preferido pelos brasileiros, ficou até 45,5% mais barato.

E comer bem não é apenas imprescindível para uma boa saúde, mas também evita que bolso doa com a compra de medicamentos e a visita aos médicos. O ítem Saúde e Cuidados Pessoais, teve alta de 0,91%, impactando a inflação de abril em 50% do índice. “Dos 0,22% registrados no mês, 0,11 ponto percentual veio desse grupo de produtos”, explicou o economista Fernando Gonçalves, do IBGE. a alta dos serviços de saúde no período de 30 dias foi puxado pelos remédios (+1,52%) e planos de saúde (+1,06%). 

Os medicamentos refletem o reajuste anual que passou a valer a partir de 31 de março, variando entre 2,09% e 2,84%. Já os gastos com planos de saúde ficaram 13,5% mais caros no acumulado em 12 meses. No centro do debate, a expectativa é com o reajuste máximo de pacotes individuais e familiares pela Agência Nacional de Saúde (ANS), que deve ser divulgado até junho. Enquanto o anúncio não sai, entidades de defesa do consumidor, como Idec e Proteste, brigam na Justiça pela suspensão do aumento e correções no cálculo, uma caixa preta da ANS. 

De volta aos alimentos, a maior parte dos preços caiu e o consumidor não deve se basear somente no bolso para rechear a geladeira. Alimentos cujo consumo é comumente questionados por nutricionistas também tiveram quedas expressivas no último ano. Açúcares e derivados caíram 14,7% no período. Já os valores de óleos e gorduras foram depreciados em 8,2%. Vilões conhecidos, farinhas e massas ficaram 7% mais baratos. “É preciso reduzir carboidratos e alimentos industrializados. Quanto aos óleos, é importante ter uma visão crítica. Os bons, como óleo de coco, manteiga, banha de porco e azeite in natura devem ser incentivados, em detrimento dos prejudiciais, como é o caso do óleo de soja”, explica o médico nutrólogo Wilson Rondó. O especialista também pede atenção para o consumo de frutas, ricas em açúcares cujo o excesso é prejudicial à saúde. Dentro do gênero, quase todos os preços caíram nos últimos doze meses. A exceção que chama atenção é o mamão, que ficou 28% mais caro em todo o país. 

A carne seguiu a tendência geral e também ficou 3% mais barata. “Recentemente, no Brasil, há uma leitura equivocada sobre o consumo de carne. Quase a totalidade da nossa produção vem do pasto, muito diferente, por exemplo, dos rebanhos americanos, que ficam aprisionados e são anabolizados”, explica Rondó. “Um consumo moderado é sim recomendado”, crava ele, que insiste no consumo de hortaliças e verduras, cujos preços tiveram alta moderada de 1,9% no período anual.  

Embora menos indicado, comer na rua também ficou mais acessível, mas por uma questão de demanda, segundo especialistas. O subgrupo “alimentação fora de casa” registrou deflação de 0,22% em abril no IPCA. Segundo Gonçalves, a demanda fraca explica essa deflação. Provavelmente, bares e restaurantes fizeram ofertas ou realinharam seus preços “para não perder clientes”, disse o pesquisador. 

A deflação nos cardápios é um exemplo do que vem ocorrendo com os preços de serviços de maneira geral. Afetados pela demanda fraca, os preços dos serviços avançaram apenas 0,03% no IPCA de abril. No acumulado em 12 meses, ficaram em 3,46%.