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Facebook cai mais de 6% e gera cautela nas bolsas em NY às vésperas do Fed

Dólar sobe 0,25% em dia de cautela com decisão de juros dos EUA

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Os mercados acionários americanos iniciaram a semana no terreno negativo, à medida que investidores digeriram informações relacionadas à utilização de dados de usuários do Facebook. Nesse sentido, o setor de tecnologia liderou as perdas, enquanto o cenário de cautela foi predominante dias antes da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Nesse cenário, nesta segunda-feira, 19, o índice Dow Jones fechou em queda de 1,35%, aos 24.610,91 pontos; o S&P 500 recuou 1,42%, aos 2.712,92 pontos; e o Nasdaq perdeu 1,84%, aos 7 344,24 pontos. Já o índice de volatilidade da CBOE (VIX), considerado o medidor de medo de Wall Street, voltou a registrar forte alta e subiu 20,38%, encerrando cotado a 19,02 pontos. Durante o pregão, o indicador ultrapassou a marca psicologicamente importante dos 20 pontos.

A notícia de que dados de usuários do Facebook foram mantidos indevidamente nos arquivos da empresa de análise de dados Cambridge Analytica atingiu ações de gigantes de tecnologia, pesando nas bolsas em Nova York, onde, durante o pregão, os principais índices chegaram a cair mais de 2%. No fim de semana, o Facebook suspendeu a conta da Cambridge, alegando que a empresa manteve indevidamente em seus arquivos dados de usuários e que mentiu ao informar que havia apagado as informações.

O movimento de cautela, no entanto, veio do histórico. A Cambridge já vinha sendo investigada no âmbito da suposta interferência russa na eleição dos EUA desde dezembro, quando o conselheiro especial Robert Mueller, que comanda as investigações, pediu que a empresa entregasse e-mails de todos os funcionários que trabalharam com Trump durante a campanha.

Com a notícia, parlamentares dos EUA, do Reino Unido e da União Europeia indicaram que investigações sobre o caso devem ser realizadas e que funcionários do Facebook devem ser convocados para depoimento, incluindo o diretor executivo da companhia, Mark Zuckerberg. Na avaliação do economista Andrés Cardenal, "o escândalo envolvendo a Cambridge Analytica é um sério problema para o Facebook", mas os resultados "notáveis" da empresa não devem tirar a empresa "de sua trajetória de longo prazo".

Não por acaso, o Facebook tombou 6,77%, após ter caído mais de 7% no intraday. Outras giant techs que gerenciam redes sociais acompanharam o movimento de perdas: o Google cedeu 3,03%, o Twitter caiu 1,69% e a Snap perdeu 3,47%. Já o subíndice de tecnologia do S&P 500 encerrou o dia em baixa de 2,11%.

Dólar

A expectativa dos investidores pela decisão de política monetária nos Estados Unidos, na quarta-feira, 21, manteve o dólar valorizado ante moedas de países emergentes e exportadores de commodities nesta segunda-feira, 19. Por aqui, a divisa operou em alta desde a abertura, mas voltou a respeitar o teto informal dos R$ 3,30, nível de preço considerado atrativo para a venda. 

Nesse cenário, a cotação do dólar à vista oscilou em um pequeno intervalo, de R$ 0,012, e fechou a R$ 3,2861, com ganho de 0,25% Na máxima do dia, registrada pela manhã, atingiu 3,2958 (+0,55%). Os negócios somaram US$ 906 milhões, segundo dados da B3.

"Esta será a primeira reunião do Federal Reserve sob o comando de Jerome Powell, e também será um encontro com sumário. Uma elevação de juros já está dada, mas o investidor estará atento às sinalizações de Powell e dos demais integrantes do comitê", disse Cleber Alessie Machado Neto, operador da Hcommcor corretora.

Para o profissional, uma sinalização de alteração no número de altas das taxas dos Fed Funds deve fazer preço nos mercados, com potencial para fazer o dólar furar o teto informal dos R$ 3,30. Por outro lado, diz, se o Fed sinalizar a manutenção do gradualismo e for uma espécie de "não notícia" no dia, quem pode roubar a cena é o Comitê de Política Monetária (Copom), que deve reduzir a taxa Selic e dar sinalizações sobre a possibilidade de novo corte na reunião de maio. 

Para Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, fatores internos vêm contribuindo para um certo balanceamento do mercado de câmbio, mesmo com a correção na bolsa. De acordo com ele, fatores como inflação controlada e juro em queda permitem ao investidor apenas observar o cenário externo neste momento.

"Se houvesse algum distúrbio em posições do Brasil, haveria uma fuga mais forte. Mas como a principal questão é externa, o mercado se controla", disse o profissional, que não aposta que o BC dos Estados Unidos abandone o gradualismo neste momento, sob pena de "tolher a própria economia, que é o que eles menos querem".

Mais cedo, o BC brasileiro informou que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) recuou 0,56% em janeiro ante dezembro, dentro do esperado e melhor que a mediana da projeções do mercado, que indicava queda de 0,80%, segundo o Projeções Broadcast. Segundo os profissionais de câmbio, o dado ficou em segundo plano. A questão do protecionismo norte-americano também foi considerada assunto menor, embora relevante, uma vez que a precificação inicial da questão já teria sido feita.

Fonte: Estadão Conteúdo