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'Bloomberg': "Nem milagre, nem magia" para crescimento da economia do Brasil, diz Banco Mundial

Credit Suisse afirma que país é o mais fechado do mercado emergente

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Matéria publicada nesta terça-feira (7) pela Bloomberg afirma que o Brasil está em baixa quanto ás perspectivas de crescimento global, já que a maior economia da América Latina continua sendo uma das mais fechadas do mundo.

Segundo a reportagem as exportações brasileiras aumentaram 20 por cento neste ano com relação ao mesmo período em 2016, e o governo no mês passado aumentou seu superávit comercial previsto para entre US $ 65 bilhões e US $ 70 bilhões em 2017, acima de US $ 60 bilhões. 

Bloomberg aponta que ainda assim, as exportações representam cerca de 12,5 por cento do produto interno bruto, uma proporção que mal se alterou nos últimos anos e que é cerca de metade daqueles de países como a Rússia e o Chile, e um terço do México, de acordo com o Banco Mundial.

Anos de políticas governamentais que apostam no enorme mercado doméstico do Brasil, juntamente com medidas protecionistas, burocracia e estrangulamentos de infra-estrutura, transformaram o país na economia de mercado emergente mais fechada, de acordo com o Credit Suisse. Embora esse isolamento relativo tenha trabalhado em favor do país durante a crise global de 2008, está diminuindo sua recuperação econômica agora.

"Não há milagres, e não há magia", disse Otaviano Canuto, diretor executivo do Banco Mundial, em uma entrevista por telefone. O Brasil "tirará menos vantagem do crescimento econômico global do que deveria por causa de como a economia está fechada".

Por exemplo, o Brasil impõe uma tarifa média de 8,8 por cento em todas as suas importações, em comparação com 0,6 por cento no Chile e 1,6 por cento nos EUA, o Banco Mundial mostra dados. O Brasil também ocupa o 139º lugar em 190 países com a facilidade de negociação transfronteiriça, de acordo com os últimos rankings do Ease of Doing Business do Banco Mundial, que também mostraram que os custos de exportação dos principais pólos de São Paulo e Rio de Janeiro são aproximadamente o dobro da América Latina média.

Perdendo

O Fundo Monetário Internacional aumentou suas previsões de crescimento global para este ano e a próxima, impulsionado em parte por uma perspectiva mais brilhante nos EUA e na China, os dois principais parceiros comerciais do Brasil. Por outro lado, o FMI espera que o Brasil cresça a menos da metade do ritmo global deste ano e próximo.

O Ministério do Comércio do Brasil diz que, além de buscar novos negócios comerciais, está prestando assistência às pequenas e médias empresas que buscam expandir as vendas no exterior e centralizar as autorizações de exportação através de um portal eletrônico. Os dados que mostram o número de empresas que exportam do Brasil chegaram a um recorde em setembro são a prova de que a estratégia está funcionando, afirmou o secretário do Comércio Exterior, Abraão Neto, em uma entrevista.

"Este aumento contribuiu de forma fundamental para a recuperação do crescimento econômico do país e deve continuar no próximo ano", afirmou. "Os efeitos das iniciativas governamentais certamente permitirão ao Brasil aproveitar melhor qualquer aumento no comércio global e no crescimento econômico".

Enquanto isso, as negociações comerciais entre o Mercosul e a UE, que começaram em 1999, estão entrando em novos obstáculos, como os padrões de segurança alimentar levantados pelos franceses, um funcionário do governo brasileiro com conhecimento das discussões disse à Bloomberg.

O foco tradicional do Brasil em seu gigantesco mercado interno continuará sendo uma barreira para as exportações, disse Welber Barral, ex-secretário do comércio exterior. Os economistas esperam que o crescimento do PIB mais do que triplicar no próximo ano e o aumento da demanda em casa pode desencorajar as empresas locais a buscar novas oportunidades de vendas no exterior.

"A exportação é apenas uma escolha quando o consumo local está em crise", disse Barral em uma entrevista. "Quando esse consumo regressa, os exportadores preferem os mercados locais".

>> Bloomberg