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'WSJ': Mudança no mercado de petróleo pode trazer investidores de volta

Bank of America Merrill Lynch e o Goldman Sachs preveem melhora nos preços

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Matéria publicada nesta segunda-feira (6) pelo The Wall Street Journal afirma que um indicador monitorado de perto pelo mercado do petróleo começa a mostrar que o excesso de oferta do combustível pode estar em queda, algo que impulsionaria os preços da commodity. A relação entre o preço atual e o do contrato futuro do petróleo é bastante utilizado por analistas e negociadores em suas estratégias. Por mais de dois anos, o preço do petróleo entregue no futuro esteve mais alto do que no chamado mercado “spot”, à vista, situação de mercado que leva o nome de “contango”. Isso tem feito com que seja mais lucrativo estocar petróleo em vez de vendê-lo imediatamente e é um dos motivos do aumento dos estoques, o que têm pressionado o mercado. Mas agora essa relação crucial de preço pode estar mudando.

> > The Wall Street Journal Being Insulated From Global Trade Is a Plus for Asian Stocks

Segundo a reportagem depois que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, a Opep, e outros grandes produtores concordaram, no fim de novembro, em reduzir a produção em 1,8 milhão de barris por dia pelo seis meses seguintes, os preços do petróleo de curto prazo subiram. O Bank of America Merrill Lynch e o Goldman Sachs estão prevendo que, como consequência desse acordo, os preços atuais podem começar a superar os preços futuros já no segundo trimestre deste ano. Essa situação é chamada de “backwardation”, ou mercado invertido, uma situação mais associada à escassez de produtos no curto prazo. A diferença de preço entre os contratos para entrega no fim deste ano e no início de 2018 tem flutuado, um sinal de que os preços futuros de datas mais próximas podem se inverter nos próximos meses, de acordo com o Société Générale Commodities Research, braço de pesquisa do banco francês. A mudança pode ser uma boa notícia para os preços do petróleo porque tornaria a commodity mais atraente para os investidores.

“É o que faz os investidores ou participantes do mercado adotarem uma posição comprada”, diz Ebele Kemery, chefe de investimentos em energia da gestora de recursos J.P. Morgan Asset Management. Se a curva do preço do petróleo retornar ao backwardation, diz ela, “eu esperaria que o mercado apostasse nela”.

O Journal diz que embora os preços do petróleo tenham deixado os preços mínimos registrados há cerca de um ano para trás, sendo negociado nas últimas semanas entre US$ 50 e US$ 55 o barril, seu valor ainda é praticamente a metade do nível de meados de 2014. Esse longo período de preços de petróleo relativamente deprimidos coincide com o segundo mais longo período de contango desde 1987, de acordo com os dados do Índice S&P Dow Jones. Somente o período entre novembro de 2008 e outubro de 2011, quando a demanda despencou em meio à crise financeira, foi mais longo. Mesmo que a Opep cumpra os cortes prometidos, analistas dizem que há várias razões para o excesso de oferta não recuar tão rapidamente e que a inversão do mercado pode permanecer algo ilusório ou mesmo ter curta duração.

De acordo com o noticiário alguns analistas dizem que desta vez a inversão pode indicar uma onda de atividade especulativa, em vez de um aperto no mercado de petróleo. Eles dizem que os preços futuros mais baixos indicam um aumento acentuado em operações de hedge por parte dos exploradores americanos, que estão entrando no mercado de contratos futuros para vender petróleo no fim de 2017 e em 2018 para travar os preços e aumentar a produção. Esse aumento na produção de petróleo de xisto nos EUA pode também se tornar um grande empecilho para reduzir os níveis dos estoques, impedindo o fim do contango. Mas os fundos de hedge e outros investidores especulativos já estão apostando que os preços do petróleo vão subir com base na teoria de que a oferta e a demanda estão se equilibrando. Na semana passada, posições líquidas que apostam na alta dos preços atingiram os níveis mais altos dos últimos dez anos segundo dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities, a CFTC (da sigla em inglês).

O diário avalia que se os preços futuros do petróleo se tornarem mais baratos do que os preços no curto prazo, o mercado de futuros pode também atrair dinheiro oferecendo aos investidores um aumento no lucro no curto prazo. Já que os fundos tendem a manter os contratos de petróleo para o mês mais próximo, rolar os contratos além do próximo mês requer o pagamento dessa diferença. No cenário de contango, os próximos contratos futuros são mais caros que os atuais, criando um “custo de rolagem” que corrói os lucros.

Mas no cenário invertido, a diferença se torna positiva, ampliando os retornos para os investidores da commodity mesmo quando os preços do petróleo estão relativamente estáveis. Analistas do Goldman Sachs esperam que isso se torne “um motor cada vez mais importante do lucro total” no mercado de commodities nos próximos 12 meses.

“Seria ótimo para os investidores. Eu gostaria de ver isso porque é um propulsor para [lucrar com] suas posições”, diz John Love, diretor-presidente da firma americana de investimentos USCF Investments, que faz a gestão do U.S. Oil Fund, um fundo ETF (negociado em bolsa) que compra futuros de petróleo com vencimento no curto prazo e os rola para o vencimento seguinte.