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'WSJ': Investidor agora quer que governos do mundo elevem os gastos

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Matéria publicada nesta terça-feira (25) pelo The Wall Street Journal conta que um número crescente de investidores e formuladores de políticas, vendo a impotência dos principais bancos centrais do mundo para estimular uma economia global anêmica, está defendendo a volta dos gastos públicos. Uma substituição das políticas dos bancos centrais pelo poder dos governos de taxar e gastar para estimular o crescimento encerraria uma era econômica duradoura e poderia provocar turbulências nos mercados financeiros.

Segundo a reportagem os investidores, entre eles Bill Gross, o famoso investidor da renda fixa, já compararam a gastança dos governos a uma sentença de morte para os títulos soberanos. Em 2011, Gross vendeu as notas do Tesouro americano em sua carteira e declarou que os bônus do Reino Unido estavam deitados “numa cama de nitroglicerina”. Hoje, ele está pedindo aos governos de países desenvolvidos que gastem mais.

O Journal destaca que não está claro se esta mudança é global — principalmente na Europa e Japão, que estão imersos numa experiência monetária sem precedentes de juros negativos. Mas há sinais de que ela está ocorrendo.

O jornal norte-americano diz que o Reino Unido está lutando com o mercado e os efeitos econômicos de sua decisão de sair da União Europeia. Neste mês, a primeira-ministra britânica, Theresa May, criticou a política de afrouxamento monetário, enquanto o ministro da Fazenda, Philip Hammond, falou sobre investimentos em infraestrutura e habitação. Outros países europeus relaxaram as medidas de austeridade que definiram sua resposta à longa crise de dívida do continente.

E o Fundo Monetário Internacional, outrora um defensor de cortes no orçamento, agora está encorajando governos a gastar mais, acrescenta o WSJ.

O diário fala que por vários anos, os governos temeram ficar ainda mais endividados se aumentassem os gastos. Em vez disso, eles deixaram para os bancos centrais a tarefa reduzir o custo dos empréstimos e, assim, incentivar as famílias e as empresas a gastarem mais. Essa política monetária hiperativa elevou o preço dos ativos — incluindo títulos de dívida — e reduziu a volatilidade do mercado. Entre algumas quedas ocasionais, as ações e os títulos dos governos também subiram continuamente.

Mas há cada vez mais evidências de que as políticas dos bancos centrais não estão surtindo efeito: as famílias e as empresas foram tomadas por uma febre de gastos. Além disso, as políticas estão tendo um custo elevado para os bancos comerciais, que viram seu lucro encolher num momento em que muitos já estão enfraquecidos.

Então, conclui o Wall Street Journal, os formuladores de políticas estão ponderando a velha ideia de fazer os governos voltarem a gastar. Essa mudança, se ocorrer, não deve ter o mesmo efeito salutar sobre ações e títulos alcançado pelos estímulos dos bancos centrais, concebidos para elevar o valor dos ativos financeiros.