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'WSJ': Produtores de commodities sinalizam rota da reforma

Na América Latina, governos cortam gastos e ensaiam mudanças estruturais

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Matéria publicada nesta terça-feira (11) pelo The Wall Street Journal conta que uma queda duradoura nos preços das commodities está forçando exportadores de matérias-primas no mundo todo a reformar suas economias. Para alguns países da América Latina, o ajuste à nova realidade significa voltar ao básico. As principais autoridades econômicas da região estão tentando se concentrar em reformas de base através de mudanças em infraestrutura, educação, política fiscal e nas leis para facilitar os negócios.

“Crescer por meio da alta dos preços das commodities é bom, mas não é permanente”, disse Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central do Brasil. “Então, é preciso fazer reformas que elevem a produtividade.”

Segundo a reportagem do Journal as tentativas desses países estão servindo de campo de testes para outros, algo que ficou visível nas reuniões semestrais do Fundo Monetário Internacional realizadas recentemente em Washington, onde ministros da Fazenda e autoridades de bancos centrais compartilharam suas dificuldades em navegar as turbulências da economia global.

As altas nos preços do petróleo, minérios e produtos agrícolas de exportação ocorridas durante o boom econômico da China adiaram por anos as reformas de base em grande parte da América Latina. Agora, as autoridades de muitos desses países disseram, em entrevistas ao The Wall Street Journal, que não apostam mais numa salvadora recuperação dos preços.

O jornal norte-americano diz que o Brasil, que está saindo de uma crise política turbulenta, está agora tentando limitar os gastos públicos e privatizar ativos do governo, ao mesmo tempo em que investe em infraestrutura. 

“Vamos aproveitar que as coisas estão relativamente calmas e fazer as reformas, porque precisamos delas”, disse Goldfajn. “Vamos fazê-las em períodos mais calmos e não quando os mercados estão mais nervosos.”

O WSJ afirma que de acordo com o FMI as economias latino-americanas desaceleraram consideravelmente em 2014 e se contraíram em 2015. O fundo estima que a produção da região encolha 0,6% em 2016, em grande parte devido a um recuo no Brasil e Argentina, dois países que estão atravessando grandes transformações políticas. O colapso das commodities também desvalorizou as moedas dos países exportadores, o que tornou as importações mais caras, reduziu a renda real e elevou a inflação.

O texto do Wall Street Journal observa que agora que os preços das commodities se estabilizaram, os bancos centrais acreditam que logo será possível cortar os juros. Goldfajn, por exemplo, sugeriu que a limitação dos gastos do governo poderia dar a ele confiança para cortar os juros.