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'Le Monde': Bancos Centrais pensam seriamente em excluir notas e moedas

Remoção de notas e moedas visa impulsionar o crescimento real

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Matéria publicada nesta terça-feira (16) no Le Monde, por Didier Marteau, conta que a proposta de excluir notas e moedas do sistema financeiro está sendo avaliada entre os banqueiros. É parte do debate sobre a necessidade de cortar as taxas de juros para póximo de zero, ou mesmo negativo, para incentivar as empresas a contrair empréstimos e os bancos seus ativos em seu nome do Banco Central.

O jornal francês comenta que a aplicação de uma taxa negativa (-0,1%) sobre estes ativos foi decidida pelo Banco do Japão, na sequência do BCE, que estão utilizando uma taxa negativa de -0,3% desde Dezembro de 2015. Qual será o próximo? Provavelmente,  nas mentes de alguns dos nossos "líderes econômicos", aplicar uma taxa de juros negativa sobre os depósitos bancários de empresas e famílias para incentivar os trabalhadores a "usar" o dinheiro disponível, ao invés de deixa-lo lá, parece uma heresia.

A questão é que tal medida só pode ser eficaz se, simultaneamente,  as moedas e notas forem removidas, porque são um meio alternativo de pagamento para o depósito bancário. Pode ser uma alavanca surpreendente para o crescimento da economia. Excluir notas, moedas e depósitos fiscais, é a ideia de moda para impulsionar o crescimento real. Essa proposta, no entanto, ignora que uma das principais funções do dinheiro não é econômica, mas social.

O dinheiro é um bem comum compartilhado por uma comunidade, e eliminá-lo na sua expressão "manual" é um ato político de desintegração social. Quem poderia negar que a criação do euro tem contribuído, ainda que parcialmente, para o fortalecimento da cidadania europeia? Basicamente, a ideia da abolição do "cash" ilustra, sobretudo, a desordem que os nossos líderes enfrentam com a ineficácia da política monetária, em vigor desde 2008, nos EUA e 2011 na Europa.