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Petróleo deve chegar a US$ 80 até 2020, diz Agência Internacional de Energia

Diretor da AIE destaca "muito bons fundamentos" e "imenso know how" da Petrobras

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O mercado de petróleo deve enfrentar dificuldades no mundo inteiro com a derrocada nos preços da commodity, mas a tendência é de recuperação dentro de alguns anos. O barril deve voltar a um patamar próximo ao visto em 2014, alcançando US$ 80 até 2020, projeta Fatih Birol, diretor-executivo da Agência Internacional de Energia (AIE). Nesta segunda-feira (25), o barril oscila em torno de US$ 32, depois de ficar abaixo de US$ 27.

Em entrevista ao jornal Valor, Birol ressaltou a importância dos projetos da Petrobras, e pediu que os brasileiros não deixem de levar em conta a "perspectiva estratégica" do país, citando a descoberta do pré-sal e o desenvolvimento dos biocombustíveis como "marcos históricos".

"[A Petrobras] é uma companhia muito bem estabelecida. Conversei com CEOs de muitos setores e lugares do mundo aqui em Davos. Posso lhe assegurar: todas as empresas têm seus problemas. Confio no sistema de governança brasileiro, e essa crise será superada. A Petrobras tem muito bons fundamentos e um imenso know how."

As projeções para o mercado de petróleo no Brasil em 2016 são positivas. O diretor-executivo destacou que um crescimento é esperado para o mercado brasileiro já neste ano, e que as expectativas são "muito positivas" quanto à alta de oferta no Campo de Lula. 

Em relação a projetos futuros, contudo, o cenário é preocupante no Brasil e no mundo. "Para projetos futuros, essas não são boas notícias [o tombo nos preços do petróleo] para o Brasil e outros países que apostam na exploração offshore, porque ela é mais cara e complexa. Precisamos ter preços mais altos para viabilizar novos investimentos, incluindo o pré-sal", ponderou Birol.

Petroleiras registraram queda de 20% nos desembolsos globais em 2015, e devem ter nova queda em 2016. "Trabalho no setor do petróleo há 30 anos. Sempre houve forte discussão sobre preços, com visões diferentes entre produtores e consumidores, mas é a primeira vez que todos os países concordam que a cotação está baixa demais", disse.

De acordo com Birol, caso os preços permaneçam em torno de US$ 30, o PIB de países do Oriente Médio como a Arábia Saudita pode cair até 20%. Na Rússia, a economia pode sofrer uma queda brusca de 10% em 2016. Projetos como os de óleo e gás não convencionais nos Estados Unidos também correm risco. A partir deste desequilíbrio, um "rebote" levará a recuperação dos preços já em 2017, em uma velocidade que dependerá do desempenho da economia chinesa, norte-americana e europeia.