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Parceria Transpacífico coloca 'pressão positiva' nos diálogos entre Mercosul e UE, diz Monteiro

Ministro afirma que reunião entre os dois blocos não passará do início de novembro 

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Na visão do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) Armando Monteiro, a Parceria Transpacífico (TPP) anunciada por 12 países na manhã de ontem (5) coloca uma "pressão positiva" para que os diálogos entre Mercosul e União Europeia avancem. Os dois blocos estudam uma parceria comercial desde 2003, mas ainda não há sinais de avanços significativos. De acordo com Monteiro, a troca de ofertas entre as partes deverá acontecer até a primeira semana de novembro; na sexta-feira passada (2), representantes sul-americanos e europeus se reuniram no Paraguai para um último encontro antes que as propostas fossem apresentadas. 

Em entrevista ao JB na tarde desta segunda, o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, lamentou a lentidão do Mercosul para avançar nas negociações, destacando que, comercialmente, o Brasil está cada vez mais isolado. "O Mercosul é uma camisa de força que criamos e estamos presos a ela. Nos últimos sete anos, nós acompanhamos as exportações de produtos manufaturados caírem, mas nenhuma medida foi tomada. Espero que o Brasil acorde e comece a tomar decisões. Não podemos ficar deitados eternamente em berço esplêndido”, enfatizou.

>>> Com Parceria Transpacífico, Brasil fica ainda mais isolado comercialmente, afirma presidente da AEB

Para Armando Monteiro, entretanto, a efetivação da parceria chega a ser positiva, exercendo pressão não apenas nos membros do Mercosul, mas também nos países europeus que deverão "responder" ao aumento de influência norte-americana entre países da América do Sul. Em entrevista a jornalistas logo após a posse dos dez novos ministros escolhidos pela presidente Dilma Rousseff, Monteiro afirmou que o Brasil já esperava que a Parceria Transpacífico fosse fechada e estava se preparando para este momento. 

"O acordo estava sendo negociado havia oito anos. As indicações que nós tínhamos apontavam para uma forte possibilidade de fechamento do acordo", explicou. De acordo com o ministro, o país buscou a ampliação de parcerias comerciais com México, Peru e Chile. Por fim, afirmou que o governo brasileiro também investe em acordos com a Colômbia - que não integra o TPP, mas é considerada grande candidata a ingressar no grupo futuramente.

Outro ponto ressaltado por Monteiro na estratégia comercial brasileira, vista por ele como correta, foi o fortalecimento das relações do Brasil com os Estados Unidos. Questionado sobre a cota adicional de exportação de açúcar da Austrália para os EUA, o ministro assegurou que o Brasil ainda guarda competitividade em razão do Sistema Geral de Preferências (SGP). Na sua avaliação, os ganhos do TPP não virão da isenção de barreiras tarifárias do mercado americano - que já são baixas, em torno de 3,5% - e sim de mudanças nas agendas de propriedade intelectual, convergência de normas técnicas, serviços e compras governamentais.