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Mesmo com cortes, projeção de crescimento global ainda é favorável

"Existe uma mudança entre países emergentes e desenvolvidos", disse Lagarde

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Apesar da possibilidade de queda, as projeções de crescimento para a economia global neste ano e no próximo, em torno de 3%, ainda são positivas, destacam economistas consultados pelo JB. A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, informou em entrevista ao jornal Les Echos que a instituição deve revisar para baixo suas estimativas, devido à expansão mais lenta em economias emergentes. Economistas reforçam que, enquanto os países desenvolvidos dão sinais de melhora, a situação de países emergentes, como China e Brasil, segue complicada.

De acordo com Lagarde, as projeções de crescimento de 3,3% para este ano e de 3,8% para o próximo não são mais realistas. Deve-se permanecer contudo, garantiu a diretora-gerente do FMI, acima da marca de 3%. "Estamos em um processo de recuperação cujo ritmo está desacelerando. Existe uma mudança entre países emergentes e desenvolvidos. Os primeiros, que estavam comandando uma recuperação global há não muito tempo, estão desacelerando. Os outros estão vendo seu ímpeto acelerar. Isso deve nos levar a revisar para baixo nossas projeções de crescimento", disse Lagarde.

Flávio Basílio, doutor em Economia, destaca que, apesar da retração, o desempenho da economia global que está sendo projetado ainda é bastante expressivo, levando em conta a situação global no pós crise de 2008 e ainda a deterioração recente no crescimento de economias grandes como China, Brasil e Rússia. 

Para Basílio, um corte da projeção de crescimento global como o anunciado pelo FMI não é significativo. Estados Unidos devem ter forte expansão neste ano e a Europa se recupera, vide o caso da Espanha, por exemplo. Por outro lado, sugere Basílio, a China precisa de um novo vetor de crescimento, considerando fatores como o baixo retorno das estatais, e o Brasil tem que resolver suas questões estruturais, com o ajuste fiscal.

Reginaldo Nogueira, professor de Economia do Ibmec, acrescenta que, comparado ao desempenho esperado para a economia brasileira, para a qual já se projetam quedas de até 3%, a projeção de crescimento mundial não é ruim, pelo contrário, parece até um pouco otimista. 

A influência de economias emergentes, por outro lado, deve ser levada em conta. Nogueira explica que o boom de commodities nos últimos anos, que vinha puxando o crescimento desses países, passou, e deixou claro que poucas economias criaram a capacidade de crescimento independente de um cenário externo favorável.