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Especialistas apostam em última alta da Selic na reunião de setembro

Taxa básica de juros deve chegar aos 14,50% e cair apenas em 2016

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Após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) nos dias 28 e 29 de julho, o Banco Central (BC) deu a entender que estava chegando ao fim sua política de elevação da taxa básica de juros. Segundo especialistas consultados pelo Jornal do Brasil, setembro começará com a oitava e última alta da Selic, que deve ser menor do que as anteriores, de 0,25 ponto percentual, fazendo a taxa atingir o maior patamar desde agosto de 2006. 

Após a decisão de elevar a Selic em mais 0,5 ponto percentual na última quarta-feira (29), o comitê disse que "entende que a manutenção desse patamar da taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, é necessária para a convergência da inflação para a meta no final de 2016", o que gerou duas interpretações. Uma é de que a próxima reunião, a ser realizada nos dias 1º e 2 de setembro pode resultar na manutenção da taxa em 14,25% e a outra, que está entre as apostas dos especialistas, é de que irá haver um último aumento, dessa vez de 0,25%.

A respeito das interpretações da nota divulgada na semana passada, o Banco informou que não irá se pronunciar. Nesta quinta-feira (6), a instituição irá divulgar a ata da reunião, o que pode trazer mais pistas a respeito dos próximos passos em relação à política monetária. 

O analista da Teórica Investimentos, Rogério Freitas, diz que a próxima decisão irá depender das condições econômicas, mas que se a reunião fosse hoje, acredita que haveria aumento de 0,25%. Quem também já havia destacado a nova alta foi Marcelo Curado, coordenador do programa de pós-graduação em desenvolvimento econômico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que concedeu entrevista ao JB no dia da divulgação da decisão do Copom. 

A Gradual Investimentos, através de seu economista-chefe André Perfeito, também aposta em elevação e destaca resultados ruins já esperados na economia. "Não foi surpresa o comportamento medíocre da indústria em junho", diz a nota divulgada pela corretora, em reação a dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que apontaram recuo de 0,3% da produção industrial em junho. Em relação ao mesmo mês do ano passado, a retração foi ainda maior, de 3,2%. 

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O mercado projetava retração de 0,7%, mas nem dados melhores do que as previsões deixaram os especialistas mais otimistas. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), houve queda também no faturamento da indústria, de 5,5% em relação a maio. 

Por outro lado, a expectativa para 2016 é de que os juros voltem a baixar, chegando próximos de 11%. A preocupação fica para a revisão de perspectiva do Brasil. Na última terça-feira (28), a agência de classificação de risco Standard & Poors manteve as notas de rating, mas mudou a perspectiva do país para negativa. "Os contratos longos subiram na esteira do downgrade, mas mesmo assim o futuro rebaixado ainda é melhor que o presente remediado por uma crise política que não desata", diz André.

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A alta inflação, que deve atingir 9,25% em 2015, segundo o mais recente relatório Focus, divulgado na última segunda-feira (4), é a principal "inimiga a ser vencida" pelo BC, que continua pressionada devido aos reajustes de preços administrados e à forte depreciação cambial. Apenas neste ano, o dólar já subiu 30%, e encerrou cotado a R$ 3,46 na sessão desta terça. 

As informações vindas dos Estados Unidos também não cooperam para um alívio da inflação por aqui. Hoje, o presidente do Federal Reserve de Atlanta, um dos "braços" do Banco Central americano, Dennis Lockhart, voltou a confirmar que os EUA estão próximos de elevar os juros em setembro.

*Do programa de estágio do JB