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Clientes do HSBC não serão prejudicados pela transação, afirmam dirigentes do Bradesco

HSBC Brasil foi vendido ao Bradesco por US$ 5,186 bilhões

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Em uma transação com valor acima do esperado pelo mercado, o Bradesco confirmou nesta segunda-feira (3) a compra do HSBC Brasil, assumindo a totalidade de suas operações no país. Dirigentes dos dois bancos garantem que seus clientes não serão prejudicados pela compra. Em teleconferência com a imprensa, o diretor-presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, também exaltou a baixa sobreposição de clientes e agências das instituições, o que fortalecerá a presença do Bradesco principalmente entre as classes de alta renda das regiões sul e sudeste.   

>>> Bradesco compra operação brasileira do HSBC por R$17,6 bi

A compra da operação brasileira do HSBC pelo Bradesco já era esperada, mas o valor de US$ 5,186 bilhões (R$ 17,6 bi) surpreendeu o mercado, que estimava algo em torno de US$ 4 bilhões. Trabuco argumenta que a aquisição é estratégica e resulta em bom uso de seu capital excedente: “Nós teremos agora a possibilidade de ampliar nosso portfólio de produtos e serviços, e ao mesmo tempo aumentar a capacidade da nossa franquia. O portfólio se expande e o preço que foi estabelecido nos é confortável e suficiente”.

Para o banco, a aquisição significa não apenas uma chance de aumentar sua inserção nas regiões Sul e Sudeste, entre clientes de alta renda, mas também de se aproximar de seu principal concorrente, o Itaú Unibanco. De acordo com seus dirigentes, o Bradesco tem disponibilidade de capital para concluir a operação sem necessidade de discutir a emissão de novas ações.

Lázaro de Mello Brandão, presidente do Conselho de Administração do Bradesco, garante que a compra será benéfica para clientes dos dois bancos, uma vez que lhes proporcionará um “aumento na cobertura e na rede de atendimento de todo o território nacional, e acesso aos produtos distribuídos pelas duas instituições”. 

A título de exemplo, clientes do HSBC passarão a ter acesso a seguros odontológicos e de saúde. De acordo com ele, os acionistas também serão beneficiados com a celebração do contrato, que “tem o propósito de reforçar o posicionamento do banco, com reflexos nos resultados financeiros”.

Para Trabuco, trata-se de um movimento marcante na trajetória do Bradesco, que desde 1943 realizou 48 aquisições. “É a maior aquisição já realizada em todo o seu desenvolvimento histórico. Ela supera todas as anteriores e tem um objetivo: capacitar-nos a crescer e aumentar nossa escalabilidade pelos critérios de presença física, complementaridade de atuação dos públicos e dos segmentos, e principalmente pela qualidade do capital humano que o HSBC tem nesse país”, afirma.

O quanto desse capital será aproveitado, no entanto, ainda não está claro. Como detalhes operacionais da compra ainda passarão pela aprovação de órgãos reguladores, os dirigentes foram evasivos quanto a possíveis cortes de pessoal e fechamentos de agências. “Você não faz uma aquisição desse porte olhando o corte de agências ou previsão de funcionários. Os elementos balizadores são o que isso agrega ao nosso tamanho, nossa eficiência e capacidade de competição no mercado. O processo de integração será primeiramente um comitê de transação, as autoridades terão de se manifestar com relação à aprovação da autorização e só depois teremos condição de comentar com mais detalhe essa informação”, afirma Trabuco.

A esse respeito, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) já se pronunciou. Em nota, o presidente da entidade, Roberto von der Osten, foi enfático: “A transação nos surpreendeu pela quantia envolvida. Se o banco tem um valor acima do esperado é porque seus trabalhadores possuem muita qualidade. São eles que fazem o trabalho na instituição. Isso ajuda muito a negociação, no momento, pela manutenção dos postos de trabalho”. O Contraf-CUT solicitou reunião com os dois grupos para amanhã (4).

Questionado sobre novas aquisições, Trabuco afirmou que o foco do Bradesco é o mercado doméstico. “O crescimento orgânico é a prioridade, mas a aquisição nunca foi desprezada. Não temos nada em perspectiva com relação ao mercado externo, nosso foco é o mercado brasileiro”, disse.

Com a concretização do negócio, os cinco maiores bancos do Brasil (Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa Econômica e Santander) passam a responder por mais de 80% de todos os ativos do sistema bancário nacional.