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Eurogrupo retomará negociações só após referendo da Grécia

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Os ministros das Finanças do Eurogrupo voltaram a se reunir nesta quarta-feira (01), por teleconferência, e decidiram não discutir propostas antes do referendo na Grécia, marcado para domingo.

Após a reunião desta quarta, o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselboem, afirmou que foram discutidas duas cartas enviadas pelo primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, além da situação política no país. "Em relação ao pedido de extensão do programa sobre o qual discutimos ontem, reafirmamos nossa decisão do último sábado. A situação política não mudou. Não há espaço para uma extensão. Então, infelizmente, o programa expirou na noite passada à meia-noite", disse.

A Grécia não pagou a parcela de 1,6 bilhão de euros de sua dívida com o FMI, que venceu às 19h (horário de Brasília) desta terça-feira (30) e entrou em moratória. Também expirou o programa de ajuda financeira à Grécia. O pedido de prolongamento do pacote foi negado pelo Eurogrupo.

Mais cedo, Alexis Tsipras fez um pronunciamento nesta quarta-feira (1) para pedir que os cidadãos do país votem "não" no referendo que será realizado no próximo domingo (5) sobre as propostas do Eurogrupo para a crise financeira local. "Um voto negativo no plebiscito não significa dizer 'não' ao projeto da Europa, mas sim, voltar a uma Europa com valores", disse o premier. Tsipras também acusou o Eurogrupo de ameaçar os gregos e induzi-los a votar "sim" no plebiscito.

"Eles dizem que, se não aceitarmos as propostas, teremos dificuldades", afirmou. Na consulta popular, os gregos deverão decidir se aceitam ou não as condições e as medidas de austeridade propostas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE), e União Europeia (UE). Desde a semana passada, a Grécia estava negociando com seus credores a liberação de uma parcela de 7 bilhões de euros de um empréstimo negociado em 2010. 

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O país precisava dessa verba para pagar ontem 1,6 bilhão de euros ao FMI. Sem o acordo, a Grécia se tornou o primeiro país em desenvolvimento a dar um calote na instituição. Em seu pronunciamento na televisão, Tsipras garantiu que Atenas "permanece na mesa de negociação" com seus credores, mas destacou que o governo fará de tudo para buscar "condições melhores" no acordo. "Esta situação não durará muito. Os salários e aposentadorias não serão perdidos", garantiu o premier, que foi eleito em janeiro, com um discurso contrário às políticas de austeridade da Europa.

Europa

A chanceler alemã, Angela Merkel, uma das principais lideranças políticas entre os credores, afirmou que "as portas ainda estão abertas a Atenas", mas que o país precisa adotar reformas para conseguir mais ajuda financeira. "Deixamos as portas abertas para um diálogo com a Grécia, mas precisamos que Atenas realize reformas que garantam um crescimento econômico sustentável, como outros países europeus fizeram", disse Merkel, em uma coletiva de imprensa ao lado do primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi.

Mas a chanceler ressaltou que não "há nenhuma situação nova" com a Grécia e que as lideranças vão esperar o resultado da consulta popular no domingo para tomar o próximo passo. Por sua vez, Renzi criticou o plebiscito grego, considerando sua convocação um "erro", pois atrapalhou as negociações que vinham ocorrendo desde a semana passada. O ministro da Economia da Itália, Pier Carlo Padoan, reafirmou hoje que o país não teme "repercussões" da crise grega em seu sistema financeiro, que se recupera somente agora da recessão de 2008. 

"Não temos medo de grandes repercussões na nossa economia, porque nossa retomada, a consolidação das finanças públicas e as reformas permitem que possíveis choques sejam absorvidos", comentou o ministro.

Com Agência Ansa