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Grécia: "Calote é a pior das alternativas", diz economista; entenda situação do país

O Jornal do Brasil detalha o impasse grego com instituições financeiras

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Após tentativa frustrada de negociar suas dívidas nesta segunda-feira (22), em Bruxelas, os investidores seguem atentos para as próximas medidas que a Grécia irá tomar para sair da situação praticamente insustentável pela qual está passando o país. Com uma dívida de 320 bilhões de euros, declarar o "calote", como tem sido cogitado, seria "a pior das alternativas", segundo o professor de Economia Internacional da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Ecio Costa. 

No próximo dia 30 se encerra o prazo para o país pagar um empréstimo de 1,6 bilhão de euros, concedido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) que, juntamente com o Banco Central Europeu (BCE) e a União Europeia (UE), forma o grupo de credores que concederam, nos últimos anos, o dinheiro que já soma quase o dobro Produto Interno Bruto (PIB) grego. 

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Entenda o impasse grego

Para efetuar o pagamento, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, tenta ainda receber a última parcela de um empréstimo concedido pela UE e pelo FMI no valor de 240 bilhões de euros e que estava sendo repassado desde 2010. A parcela corresponde a 7,2 bilhões de euros e deveria ter sido transferida em agosto de 2014, mas as instituições resolveram suspender o pagamento até que a Grécia adote medidas de austeridade. É aí que se dá o impasse. 

Alexis Tsipras pertence ao partido Syriza, da esquerda radical, e se opõe às medidas exigidas. Além disso, Tsipras tem o apoio da população grega, que tem feito manifestações contra políticas de austeridade e a favor da permanência do país na zona do euro. Nesta segunda-feira, milhares de pessoas se reuniram em Atenas e houve outras manifestações pela Europa, em solidariedade aos gregos, nas últimas semanas. 

Grécia começa a ceder 

Mesmo com Tsipras se opondo, a Grécia começa a ceder visando a chegada do prazo para pagamento do empréstimo bilionário. O vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, afirmou pelo Twitter que os ministros das Finanças da zona euro concluíram, em Bruxelas, sua reunião sobre a Grécia e voltarão a se reunir esta semana para avançar visando a um acordo.

"As propostas da Grécia são um passo bem-vindo, mas é necessário mais trabalho em conjunto com as instituições", disse ele. "(O Eurogrupo) voltará a se reunir nesta semana. Precisamos de um acordo nos próximos dias".

Medidas propostas pela Grécia pode gerar receita até 2,95 bilhões de euros em 2015

A lista de medidas propostas pela Grécia na reunião desta segunda pode gerar receitas de até 2,95 bilhões de euros para o país apenas em 2015. Entre as principais medidas, estão previstas reformas no imposto sobre o consumo, que traria receita de 680 milhões de euros em 2015 e 1,36 bilhão em 2016. Nas pensões, as medidas incluem aumento das contribuições em 3,9%, que garantiria receita de 350 milhões de euros em 2015 e 800 milhões em 2016. 

Há ainda cortes na despesa militar, que garantiriam 200 milhões de euros em 2016, venda de licenças 4G e 5G, com retorno de 350 milhões no próximo ano, além de imposto especial sobre lucros de empresas acima de 500 mil euros, de 12%, que iria pode trazer o maior lucro para o país: até 945 milhões de euros em 2015 e 405 milhões em 2016. 

Economista considera calote "a pior das alternativas"

Para Ecio Costa, o calote seria o pior caminho possível. Após declarar moratória, a situação do país "levaria muitos anos para voltar a se estabilizar e iria trazer um prejuízo ainda maior do que fazer uma deflação da economia para atender as demandas dos emprestadores". Costa cita o exemplo da Argentina. 

"O calote de um país funciona como o de uma empresa. Quando se promove o calote aos seus credores, está se encerrando todo o relacionamento com eles." O professor explica que a ação rebaixa o "rating" do país ao nível mais baixo, impossibilitando a captação de investimentos externos. Ou seja, além de o país não ter dinheiro para pagar uma dívida, não conseguirá mais investimentos para quitá-la. 

*Do programa de estágio do JB