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Clientes do HSBC não precisam temer venda do banco, garantem especialistas

Bradesco é o mais cotado para assumir as operações da instituição no Brasil

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Os clientes do HBSC não têm motivos para preocupação com o anúncio da venda das operações do banco no Brasil, garantem especialistas. A chance de perder o que se tem investido inexiste, e o banco que adquirir a operação, que seria o Bradesco, o Itaú ou o Santander, teria que respeitar os contratos vigentes. A situação pode ser ainda a oportunidade de comparar as condições oferecidas por outros bancos, e avaliar se seria mais adequado migrar para um deles.

O HSBC Holdings confirmou na manhã desta terça-feira (9) no seu Investor Day, em Londres, que pretende vender a sua operação no Brasil, mas planeja manter presença no país para atender aos clientes corporativos de grande porte em suas necessidades internacionais. 

"O HSBC Brasil está em um processo de venda e não de encerramento de suas operações no País. O banco segue operando normalmente e, mesmo após a venda, seguirá prestando serviços aos seus clientes", destacou o banco em nota. "O HSBC está empenhado em garantir a continuidade do negócio e uma transição suave e coordenada para um potencial comprador."

>> HSBC confirma venda de operações no Brasil

Michele Juca, professora de finanças da Universidade Presbiteriana Mackenzie, ressaltou em conversa com o JB que não há motivos para preocupação entre os clientes do HSBC. A maior questão poderia ser em relação à solidez da instituição que adquirir essa operação, e os bancos mais cotados têm esta solidez -- Bradesco, Itaú e Santander. 

De acordo com Michele, como o Bradesco foi o banco que fez a maior oferta e também é o que tem maiores motivos para concluir a aquisição, deve ser o comprador das operações. O HSBC, destaca a professora, ocupa a sexta posição em relação ao total de ativos no país. O Bradesco, se for o comprador, se aproximaria da posição que tinha antes, e ganharia maior participação no segmento de média e alta renda, que o Itaú hoje domina. 

"O Bradesco ofereceu R$ 10 bilhões (USD 3.1bn), enquanto o Santander ofertou R$ 9 bilhões (USD 2.8bn) e o Itaú Unibanco R$ 8 bilhões (USD 2.5bn). Para o Bradesco, a aquisição é ainda mais estratégica, uma vez que ele teria a oportunidade de aproximar seu total de ativos (R$ 883 bilhões + R$ 168 bilhões = R$ 1,051 trilhões), ao do Itaú Unibanco (R$ 1,117 trilhões) e ao da CEF (R$ 1,064 trilhões), passando a deter mais de 14% do total do mercado financeiro nacional”, afirma.

O HSBC tem foco em uma segmentação de mais alta renda. Se existe uma questão para preocupar os clientes do banco, neste cenário, acredita Michele, seria se o novo operador o enquadraria na segmentação a qual pertence, oferecendo a mesma qualidade do serviço, taxas e atendimento diferenciados. "Preocupações em termos de solvência, nenhuma, até porque no Brasil existe um Fundo Garantidor de Crédito, que é uma entidade privada, constituída por fundos, que garantem até R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira, em valores em depósitos nessas instituições."

Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste - Associação de Consumidores, comentou que a primeira orientação aos clientes do HSBC é que eles não precisam correr, "porque certamente não vão ficar no prejuízo". "Já teve outras situações parecidas em que o consumidor teve bancos que foram comprados e foi mantido toda uma situação inicial de pacote dos bancos e serviços, investimentos, tudo isso. Eles não podem, simplesmente, cortar [os serviços]."

É importante, contudo, sugere Maria Inês, tomar cuidado em ter os contratos dos pacotes, saber o quanto se paga, se não paga. "O consumidor já pode estar pedindo para o banco esse contrato, e também pode aproveitar para verificar as condições de outros bancos, caso deseje mudar. (...) Sempre tem um momento de transição, um período de adaptação também. Mas esse é o momento de avaliar se não é o caso de mudar de banco." O Proteste tem um simulador de conta corrente, disponível no website da associação, que permite uma comparação entre produtos e serviços dos bancos.

O Proteste destaca que em casos semelhantes, como na fusão do Itaú e Unibanco e da aquisição do Banco Real pelo Santander, não houve prejuízos significativos para os consumidores. Como haverá um período de adaptação, o cliente continuará a utilizar normalmente os diferentes canais de atendimento, cheques, cartões e demais produtos e serviços. 

Quem comprar o HSBC até pode diminuir o número de agências -- atualmente são 850 agências em todo o país --, desde que o consumidor não seja prejudicado. Caso o consumidor fique horas na fila porque diminuíram a quantidade de caixas devido à mudança, isso configura má prestação de serviços, informa a Proteste. Neste caso, ele deve reclamar a um órgão de defesa do consumidor, como a associação, ou ao Banco Central.

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