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Delfim Netto defende ajuste fiscal adotado pelo governo   

Ex-ministro diz que é preciso propor programas que devolvam confiança a sociedade

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O economista Delfim Netto, de 87 anos, concedeu uma entrevista ao portal Brasil247 onde falou sobre o governo Dilma. O ex-ministro da Fazenda defendeu o ajuste fiscal, mas também recomendou maior diálogo da presidente Dilma com a sociedade para recuperar a confiança. 

"O governo precisa dizer: eu existo. Propor programas factíveis que devolvam confiança a sociedade. Economia é só expectativa. Desenvolvimento é um estado de espírito. Nós vamos voltar a crescer. É preciso dar à sociedade um pouco mais de tranquilidade. Essa era a vantagem do Lula. O Lula é um promoter", aponta Delfim, que já foi também ministro do Planejamento e da Agricultura durante o governo Figueiredo.

O economista defendeu a necessidade de aplicar o ajuste fiscal, apesar do 'problema moral' do governo Dilma. "O ajuste fiscal é necessário. No ano passado, ocorreu uma deterioração fiscal muito profunda. Até dezembro de 2013, a situação era desagradável, mas não tinha gravidade. O desequilíbrio de 2014 foi deliberadamente produzido para a reeleição e atingiu seu objetivo".

O ex-ministro comentou a diferença do discurso de Dilma durante a campanha presidencial de 2014 para a política que está sendo colocada em prática agora. "Dilma fez uma mudança na política econômica equivalente à de são Paulo na estrada de Damasco. Essa é uma questão moral que abalou a credibilidade do governo, mas o importante é o conserto."

Delfim afirmou que o setor industrial é fundamental para que o Brasil volte a crescer: "A indústria sofreu o efeito dramático da política cambial. Todos os estímulos foram incapazes de compensar o prejuízo de valorizar o câmbio para controlar a inflação. Nunca faltou demanda para produtos industriais. O que faltou foi demanda para produtos industriais feitos no Brasil. As importações aumentaram, substituindo produtos brasileiros, e as exportações caíram. Agora isso começa a ser revertido com o novo patamar do câmbio. Sem resolver o problema da indústria, não vamos voltar a crescer."