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Brasil não deve se tornar membro-pleno da OCDE, dizem especialistas

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Especialistas em relações internacionais consideram difícil que o Brasil se torne membro-pleno da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), organismo com o qual o governo brasileiro assinou acordo de cooperação hoje (3), em Paris. Pelo acordo, o Brasil institucionaliza sua participação em diversos comitês da OCDE, e pode se beneficiar da experiência da organização, que desenvolve pesquisas em diversas áreas e tem 34 países-membros.

O Brasil já mantinha relações com a OCDE desde a década de 1990, e, em 2007, tornou-se um dos países parceiros do organismo. Consultada pela Agência Brasil, a professora de relações internacionais do Centro Universitário de Brasília (Uniceub) Fátima Faro analisa que o objetivo do acordo é aprofundar o relacionamento. Segundo ela, “a OCDE trabalha muito com políticas públicas, tem bastante troca de experiências. Acredito que a intenção do Brasil é buscar nos países-membros informações que sejam úteis para seu desenvolvimento sustentável, fomentar a qualificação de mão-de-obra, o gasto público eficiente”.

Para Fátima, não existe, no entanto, “interesse muito largo” de participação, além desse. “É uma questão muito política, o Brasil não vê muita vantagem. Para entrar nesse tipo de organismo, o Brasil teria que abrir algumas vantagens para os membros. Não é interessante. Permanecer como parceiro é mais vantajoso – você tem a cooperação sem o ônus”, avalia a professora.

Renato Baumann, professor da Universidade de Brasília (UnB) e do Instituto Rio Branco na área de economia internacional também faz avaliação semelhante, e acha "pouco provável" a adesão brasileira como membro-pleno. Ele diz que a OCDE vem fazendo há muitos anos – como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial – avaliação das conjunturas econômicas de vários países. "O que entendo é que o Brasil quer aproveitar a expertise do organismo para a análise de políticas feitas aqui”, acredita ele.

De acordo com Baumann, “a OCDE é um clube de ricos, que só recentemente começou um processo de diversificação. A diplomacia brasileira sempre resistiu [à adesão] porque sempre adotou a postura de ser porta-voz dos emergentes. O Brasil prefere isso a ser um membro fraco no clube dos ricos”.

O acordo de cooperação foi assinado na capital francesa, pelos ministros brasileiros das Relações Exteriores e da Fazenda, respectivamente Mauro Vieira e Joaquim Levy. Segundo nota do Itamaraty, o acordo ainda será submetido ao Congresso Nacional.