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Levy: Brasil não corre risco de recessão semelhante à da Europa

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Em seminário no Tribunal de Contas da União (TCU), nesta quinta-feira (7), o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse que o corte de gastos públicos não corre o risco de aprofundar a recessão econômica e criar um quadro semelhante ao das economias europeias. Levy afirmou que as realidades econômicas são diferentes, e garantiu que o Brasil voltará a crescer depois de atingir o equilíbrio fiscal.

Segundo o ministro, a Europa atravessa escassez de demanda, ao contrário do Brasil, que antes do ajuste fiscal enfrentava uma inflação decorrente de economia superaquecida. “A Europa é completamente diferente do Brasil. Lá, não tem inflação. Já mostra diferença. Aqui, tínhamos excesso de demanda, não escassez de demanda”, explicou o ministro no evento, que discute os 15 anos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Joaquim Levy ressaltou ainda que as razões que levaram ao baixo crescimento na Europa não se resumem ao corte de gastos públicos, mas a problemas estruturais, como a estagnação do mercado de trabalho. “Na Europa, existem outras razões porque a economia não tem crescido. Eles precisam fazer mudanças estruturais que vão além do fiscal. No caso do Brasil, são necessárias medidas difíceis, indispensáveis, mas a economia vai reagir positivamente”, destacou.

Apesar de considerar o ajuste fiscal a principal medida necessária, no momento, para a economia brasileira, o ministro defendeu outras reformas, como o realinhamento de preços administrados (como combustíveis e energia) e a retomada do programa de concessões. Para ele, a correção de rumos na política econômica fará o país voltar a crescer, porque trará clareza para os empresários ampliarem os investimentos e criarem empregos.

“Diversas possibilidades se abrem na hora em que o governo dá direcionamento claro à sua política. A correção de rumos visa a criar condições favoráveis para que empresários e profissionais descubram novas opções para a economia reagir e assim aumentar o emprego e a renda da população”, comentou Levy.

Em relação à Lei de Responsabilidade Fiscal, Levy disse que a legislação é importante para aprimorar a qualidade das instituições e dar planejamento aos gestores públicos. Ele criticou quem defende a amenização de regras da LRF. “A própria lei tem instrumentos que dão espaço [fiscal] em situações econômicas difíceis, como a ampliação dos prazos de enquadramento nos limites. A LRF dá as regras e permite criar um ambiente de jogo de futebol clássico, não fazer uma pelada com as ações do governo”, disse.