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Embate entre Cunha e Levy põe em risco o ajuste fiscal 

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A aprovação das medidas de ajuste fiscal está ameaçada após o embate entre o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Na última quarta-feira, durante as negociações do projeto que amplia a terceirização, os dois discutiram asperamente, segundo relatos de testemunhas. 

Cunha teria cobrado o ministro por querer obrigar o PMDB, a até mesmo partidos da oposição, a apoiar uma proposta para aumentar a arrecadação, quando o próprio PT estava contra o projeto. Um dos presentes ao encontro disse que Levy comportou-se de forma "impositiva", o que provocou uma reação do presidente da Câmara. "Você está subestimando nossa inteligência! Então quer dizer que você é o dono da verdade? Não dá para vocês chegarem aqui, quererem que a gente assuma 5,5%, se nem o partido de vocês apoia", teria dito Cunha.

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Ainda de acordo com testemunhas, Levy não baixou a voz e continuou argumentando de forma incisiva. Nesse momento, o líder do PT, Sibá Machado, entrou na sala e pediu que o presidente da Câmara intercedesse em favor do presidente da CUT, que havia sido detido na porta do Congresso. Eduardo Cunha disse que não faria isso, mas que o PT poderia ficar tranquilo, porque na votação das MPs 664 e 665, que dificultam a concessão de pensão por morte, abono salarial e seguro-desemprego, as galerias seriam abertas aos trabalhadores.

Segundo os deputados presentes ao encontro, Levy pediu que fossem chamados os líderes do DEM e do PSDB, mas sem sucesso. O presidente da Câmara reiterou que não havia consenso para acolher o pedido de Levy. "Já que é uma farra fiscal, então não coloca nada!, disse o ministro. "Farra é o que vocês querem fazer!", respondeu Cunha, que encerrou o encontro e deixou a sala.

Durante a discussão, Eduardo Cunha também reclamou do PT e disse que considerou uma agressão a forma como o partido conduziu o debate sobre a terceirização, ao afirmar que o projeto tira direitos dos trabalhadores. Segundo Cunha, a estratégia petista feriu muitos deputados, em um momento em que o governo vai precisar deles para aprovar o ajuste.

"Os deputados do PMDB, PDS, PRB, PP. PR, que foram atacados pelo PT, não estão nada felizes. Como vão encarar essas medidas provisórias? É uma situação muito difícil que o governo vai ter que enfrentar na votação das MPs", teria dito Cunha.