As recentes falas do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, sobre a intenção de lançar já em maio um programa de concessões para infraestrutura em acordo com o Banco Mundial indicam disposição em atrair mais investidores estrangeiros para o país, segundo especialistas do mercado financeiro consultados pelo Jornal do Brasil. Para eles, as declarações têm deixado os investidores agitados com a expectativa de realização das medidas propostas.
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Para Alexandre Espírito Santo, professor de Economia do Ibmec-RJ e economista na Simplific Pavarini Investimentos, o mercado tem recebido positivamente as declarações do ministro, que "mostra uma preocupação em trazer de volta os investidores estrangeiros". O economista acredita que "trazer de volta esses investidores ajudaria a resgatar a credibilidade de política econômica". Alexandre acredita que a iniciativa privada pode ser importante para ajudar o governo a "recompor seu superávit", mas que este é um processo lento.
O professor de Finanças e Economia da FGV, Samy Dana, lembra que o país já tem como um de seus atrativos uma alta taxa de juros, que é interessante ao capital estrangeiro. Ele julga o acordo com o Banco Mundial e os ajustes fiscais - principal política de Levy - como "bem-vindos". Segundo Samy, "o dinheiro do Banco Mundial pode ser bom, mas o governo deve ter foco em fazer a indústria voltar a ter condições de produtividade e competitividade". Para o professor, o país deve seguir o exemplo de países como Alemanha e Estados Unidos, que obtiveram sucesso em suas políticas de concessões.
Questionada sobre uma possível concorrência entre o capital nacional e o estrangeiro, Leila Almeida, analista de investimentos da Lopes Filho Consultoria, acredita que esta questão é indiferente. "Neste momento, o país precisa de investimento em vários seguimentos da indústria. Se é o capital nacional ou estrangeiro que vai conduzir esse investimento, não importa", e destaca que as medidas anunciadas têm gerado muitas expectativas: "Esperamos que tudo o que está sendo dito hoje venha de fato a acontecer".
As geração de expectativas foi um ponto destacado pelo especialistas consultados, tanto em relação às medidas anunciadas por Levy, quanto à divulgação do balanço da Petrobras, assunto do qual o ministro tratou nesta segunda-feira (20). Os analistas destacaram que o mercado se comporta projetando ganhos e perda no futuro.
Joaquim Levy disse, na Cúpula Monetária para as Américas, em Nova York, que a "divulgação do balanço marca novo passo para a reconstrução da Petrobras". Para os especialistas, as últimas altas das ações da empresa no último mês se deram pelo aguardo dos resultados. Alexandre Espírito Santo destaca que o mercado espera que os resultados "retratem tudo o que aconteceu", trazendo valores transparentes.
Samy Dana vê a ligação da empresa com o governo como um dos motivos que fez seus papéis voltarem a subir. Para o especialista, diante de um cenário ruim, qualquer possibilidade de uma notícia positiva, como a divulgação dos resultados atrasados, pode gerar expectativas. Leila Almeida acredita que apenas publicar o balanço da empresa não é suficiente. "Há vários fatores inseridos no balanço com que os investidores podem reagir".
Levy considera que o excesso de preocupação com a Petrobras é bom, mas indicou que parte das mudanças tem a ver também com a queda nos preços do petróleo no mercado internacional e, por isso, o impacto não é só na economia brasileira, mas também no exterior.
Além da Petrobras, o ministro Joaquim Levy também comentou a meta do superávit primário, que é de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Ele destacou a importância de dar continuidade no ajuste fiscal para garantir o cumprimento do objetivo. O ministro considera que o Brasil tem dado "passos ousados para cortar gastos", e usou como exemplo a questão dos benefícios de desemprego.