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Standard & Poor's mantém nota de crédito do Brasil

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A agência de classificação de risco Standard & Poor's manteve nesta segunda-feira (23) em "BBB-", com perspectiva estável, a nota de crédito do Brasil em moeda estrangeira. O patamar é o mais baixo dentro do grau de investimento. Há um ano, a mesma agência tinha rebaixado a nota de crédito soberano do país, prevendo a deterioração do cenário econômico e desajuste fiscal em 2015, em relação a anos anteriores.

"A perspectiva estável reflete a nossa expectativa de que a correção em andamento continuará a atrair o apoio da presidente Dilma Rousseff e, finalmente, do Congresso, que gradualmente irá restaurar a credibilidade política perdida, abrindo o caminho para perspectivas de crescimento mais forte em 2016 e nos anos seguintes", afirma a agência.

A S&P também reafirmou o rating do país em moeda estrangeira e nacional, de curto prazo, em 'A-3' e 'A-2', respectivamente.

Com esta classificação o país ainda mantém o grau de investimento, mas fica a um passo de perder o "selo de qualidade" em um novo rebaixamento. A perspectiva estável indica que a S&P não deve fazer novos rebaixamentos no curto prazo.

A S&P diz que, apesar das dificuldades enfrentadas pelo governo, as sinalizações de política econômica neste segundo mandato da presidente Dilma Rousseff mudaram "consideravelmente", o que não estava no cenário base. No comunicado, a agência citou o esforço do governo para executar o ajuste fiscal e o aperto monetário por parte do Banco Central para conter a inflação. 

"O governo ainda tem de detalhar uma agenda de crescimento a médio prazo, mas esperamos que as medidas no final do ano, com uma ênfase renovada sobre a participação do setor privado em projetos de infraestrutura. Este é um outro componente chave para impulsionar o sentimento empresarial, que foi danificado nos últimos anos por decisões políticas irregulares e, atualmente, por incertezas associadas com repercussões econômicas da Petrobras e os riscos de racionamento de água e energia", dizem os analistas da S&P.

A S&P afirmou ainda que a nota reflete a visão de que as instituições brasileiras são bem estabelecidas e que há um amplo compromisso com políticas que mantenham a estabilidade econômica. 

>> Em crise global, credibilidade das agências de classificação de risco ficou abalada

Em março de 2014, a agência tinha rebaixado a nota brasileira, como o Jornal do Brasil vinha prevendo, desde junho de 2013.

No dia 24 de outubro de 2013, o JB informava que "as últimas manifestações públicas do FMI - a quem o Brasil já foi devedor e hoje é credor, graças a empréstimos feitos no governo Lula - nos permite imaginar que há um início de tentativa de forçar agências de risco a preparar por razões políticas, um rebaixamento da nota do Brasil".

>> Veja a matéria

Em comunicado na época, a agência disse que o rebaixamento refletia a combinação de "derrapagem orçamentária" em meio às perspectivas de "crescimento moderado nos próximos anos" e de  baixo volume de investimentos.

Segundo a agência, o rebaixamento reflete a deterioração fiscal do país, o enfraquecimento da credibilidade de condutas federais, a crescente quantidade de atividades excedentes ao orçamento, além do uso persistente de bancos estatais.

A previsão é de que a economia brasileira, de acordo com a S&P, conte com uma expansão do PIB de 1,8% em 2014 e 2% em 2015. A perspectiva conta com uma melhora modesta nas exportações este ano e em 2015.

A nota do Brasil na classificação feita pela S&P estava em BBB desde novembro de 2011.

Quanto maior o rating de um país, melhor ele é sob o ponto de vista de atração de investimentos.

Em junho do ano passado, a agência de classificação tinha indicado que poderia cortar a nota do Brasil por causa do baixo crescimento da economia e da redução do esforço fiscal. Apesar do rebaixamento, o país ainda está na categoria de grau de investimento, que indica baixa probabilidade de calote na dívida pública.

A nova nota representa o primeiro degrau na escala considerada "grau de investimento", dada a países avaliados como investimento seguro pelas agências.

Segundo economistas, a primeira impressão é que em grande medida o rebaixamento não é uma surpresa e estava no preço de diversos ativos. No entanto, de acordo com os analistas, pode-se esperar certa realocação em alguns mercados na manhã desta terça-feira, em especial dólar e juros.

Vale lembrar que quando a S&P cortou os juros ela alterou também o outlook para estável o que garante quase um ano de estabilidade nessa casa de rating.