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'Financial Times': FMI alerta sobre instabilidade de mercados emergentes

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"A presidente do Fundo Monetário Internacional Christine Lagarde, alertou na terça-feira (17/03) que os mercados emergentes devem se preparar para enfrentar um novo período de instabilidade econômica quando as taxas de juros dos Estados Unidos este ano, projetando uma repetição do desgastante episódio de 2013 chamado "furor de retirada gradual de estímulo" e rápida desvalorização da moeda". É o que diz uma matéria do jornal britânico Financial Times publicada nesta quarta-feira (18/03) 

"Os comentários de Lagarde, dados durante um discurso na Índia, chegam um dia antes do esperado sinal que seria dado pela presidente do Federal Reserve Janet Yellen, dando um fim à política do Fed de orientação de taxas baixas na quarta-feira, com investidores globais apoiando um aumento inicial nas taxas dos Estados Unidos já em junho", escreve o jornalista James Crabtree. 

A chefe do FMI afirmou que teme que os efeitos de repercussão negativa provenientes desses aumentos levem a uma reedição da crise que atinge economias em desenvolvimento como a Índia e a Turquia há quase dois anos, seguindo dicas do então presidente do Fed, Ben Bernanke, sobre um fim precoce ao programa de compra de títulos da instituição conhecido como quantitative easing

“Temo que isso possa não ser um episódio isolado,” disse Lagarde. “O perigo é que as vulnerabilidades que se acumularam durante um período de política monetária bastante expansionista pode sem se revelar repentinamente quando tal política é revertida, criando uma volatilidade substancial no mercado.”

Lagarde falou em um evento em Mumbai junto com  o governador do Banco da Reserva da Índia Raghuram Rajan, que alertou repetidamente sobre os perigos para os países em desenvolvimento de encerrarem a política de flexibilização monetária nos Estados Unidos, Japão e outras economias industrializadas. 

As economias em desenvolvimentos assistiram a um aumento no capital do mundo industrializado nos últimos anos, recebendo US$ 4,5 trilhões em fluxos de capital bruto entre 2009 e 2012, de acordo com dados do FMI, ou metade de todos os fluxos globais de  capital durante esse período.

Lagarde também alertou que economias emergentes enfrentaram um segundo risco do recente fortalecimento da moeda norte-americana, com empresas endividadas que se aproveitaram das taxas baixas para pedir emprestado  em dólares enfrentando saltos súbitos e acentuados nos custos de serviços da dívida. 

 “A apreciação do dólar americano também está colocando pressão nos balanços dos bancos, empresas, e domicílios que pegam emprestado em dólares mas possuem ativos ou rendimentos em outras moedas,” acrescentou ela. 

Enfrentando essas ameaças gêmeas, Lagarde exortou governos de mercados emergentes a implantar reformas econômicas a elevar o crescimento, aprimorar suas atuais posições de contas correntes e liberalizar gradualmente os mercados financeiros.

A presidente do FMI também fez um apelo para que governadores do banco central de mercado emergente preparem medidas emergenciais visando apoiar moedas sob pressão e empresas que estão lutando com reembolso de dívidas. 

“Um temporário — porém agressivo — apoio de liquidez doméstica a alguns setores ou mercados pode ser necessário, junto com intervenções específicas no mercado cambial,” diz ele.