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Monteiro afirma que balança comercial será "expressivamente melhor"

Afirmação foi feita em uma reunião com o governador do Rio e investidores

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O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, disse nesta segunda-feira (2), em evento na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), que a balança comercial brasileira será positiva este ano, apesar da crise. "O que eu posso dizer é que nós vamos ter uma balança positiva este ano. Existem elementos que nos levam a confiar que teremos tal resultado. Graças ao efeito câmbio, à nova política de exportação e à retomada do mercado americano, a exportação da soja, os volumes ao final do ano serão maiores. Há um outro fator ainda: a conta-petróleo vai gerar um déficit muito menor do que nos últimos dois anos”, afirmou.

Nesta segunda-feira, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior informou que a balança comercial brasileira registrou déficit de US$ 2,842 bilhões em fevereiro, o pior resultado para meses de fevereiro da série histórica, iniciada em 1980.

O ministro explicou que uma das principais formas de melhorar o desenvolvimento do país é assumir uma agenda realista da situação atual. 

“O que nós temos que fazer em meio a esse quadro de restrições é encontrar uma agenda e cobrar do governo alguns sinais que possam ser apresentados ao setor privado para que o país reencontre o equilíbrio econômico. E que, assim, possamos dar sinais para o setor privado para que possa investir”, disse. 

Ele afirmou ainda que o momento vivido pelo país é de cortes e ajustes “severos”. “Há medidas de revisão de gastos nas áreas sociais, então esses cortes estão sendo realizados em diversas áreas. E como nos últimos dois anos houve um aumento muito grande das desonerações, não há como promover o ajuste sem reduzir o custo fiscal dessas medidas. O que o governo fez foi promover um ajuste, o sistema está mantido, no entanto o custo fiscal de manutenção do sistema teve que ficar menor. Isso levou a um ajuste na arrecadação das alíquotas no arrecadamento”, afirmou. 

Apesar da notícia de ajuste fiscal o ministro assumiu um tom otimista, afirmando que a medida não é um fim em si mesma. “O objetivo da política econômica não é fazer ajuste fiscal em caráter permanente, é o crescimento. Mas para criar as bases para esse crescimento, é preciso reequilibrar a economia”.

O ministro Armando Monteiro explicou ainda que o motivo pelo qual a balança comercial brasileira teve uma baixa foi devido ao atraso da exportação da soja. “Dois meses ainda é cedo para fazer um prognóstico. A balança de fevereiro se debilitou por conta do atraso do embarque da sola, já que a colheita desse ano atrasou. O volume exportado em fevereiro foi muito menor do que nos anos anteriores. Também houve uma perda de preço em algumas commodities, como o minério de ferro”, afirmou. Ele ainda explicou que o brasileiro irá perceber as melhorias na economia em alguns meses com a confiança dos agentes econômicas sendo fortalecidas. “Eu queria dizer que o superávit de janeiro foi muito superior, o que melhora a confiança dos investidores”, disse Armando Monteiro. “O investidor não tem um olhar somente para os próximos seis meses, mas para os próximos anos. O crescimento da economia irá se dar em um espaço mais longo, mas eu tenho certeza que estaremos girando no final do ano em um outro ritmo”.

O presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira disse que os estados e seus governadores estão tendo que fazer seus cortes e se adaptar às situações, no entanto, dirigiu-se aos empresários, lembrando que eles são sócios dos 200 milhões de brasileiros e que os problemas da população são os problemas dos próprios empresários. “Nós estamos em uma situação que requer a atenção de todos, mas eu gostaria de chamar a atenção de nós, empresários. Os estados estão precisando fazer suas adaptações. Junto a isso nós temos uma colocação de uma forma absolutamente impactante que é uma crise de moral que estamos passando. Ou estávamos passando e estamos nos deparando com o que aconteceu” afirmou. 

O presidente da Firjan concluiu afirmando que os empresários devem advogar em favor do Brasil e trazer a atenção dos investidores estrangeiros. “O fato é que a realidade é esta [de dificuldade] e nós somos sócios de 200 milhões de pessoas que estão conosco no embaraço que estamos passando. Se não advogarmos e ponderarmos que o problema também é do outro, não iremos atravessá-los. Nós temos que colaborar para o equilíbrio das contas públicas”, afirmou.

Uma das principais medidas anunciadas pelo ministro Armando Monteiro foi a melhora das relações comerciais com os Estados Unidos. Segundo ele o país norte-americano passa por um novo ciclo de crescimento. “É evidente que o Brasil tem espaço para aumentar a sua inserção no comércio exterior”, começou o ministro. Ele contou que sua primeira viagem como ministro do Desenvolvimento foi para Washington. “Minha primeira viagem como ministro do desenvolvimento foi para Washington para falar com a secretária do Comércio que iremos dar prioridade para o comércio com os Estados Unidos. Nós temos uma perspectiva muito grande com o comércio com eles, que voltaram a crescer”, ressaltou.

Armando Monteiro disse ainda que o Brasil, apesar de passar por uma situação complicada de déficit, ainda possui R$ 370 bilhões em caixa. Em seu discurso, o ministro exaltou a história brasileira de se reinventar constantemente para conseguir crescer. Segundo ele, é possível um novo ciclo de crescimento, no entanto, com a condição de fazer o ajuste fiscal proposto pelo Ministério da Fazenda. “Então eu gostaria apenas de lembrar que  o Brasil tem a capacidade de criar um novo ciclo de crescimento com bases sustentáveis.  Mas precisamos fazer um ajuste fiscal. Esse ajuste nos propõe que devemos passar por uma situações desconfortáveis. Portanto temos que promovê-lo de forma importante para que o Brasil reencontre o seu equilíbrio macroeconômico, para que o Brasil retorne ao crescimento e ao desenvolvimento, e que possamos garantir a confiança dos investidores”, afirmou. O ministro acredita que o valor atual do real em relação ao dólar é uma situação positiva para os setores que mais concorrem com os produtos importados. Segundo ele esse aumento favorece a indústria nacional.

Monteiro adiantou que pretende lançar o plano nacional de exportação até o final de março. “Ele se resume a um conjunto de medidas que envolvem facilitação, na área de promoção e inteligência comercial, a redefinição de instrumentos que são oferecidos ao setor exportador, financiamento, seguro, garantias, temos ainda medidas que vão ainda na direção do portal único, redução do tempo de despacho aduaneiro e, consequentemente, de trânsito de economias. Além de uma maior disposição do Brasil de se integrar ao comércio internacional”.

O pedido dos porta-vozes era para que haja otimismo. “O filme da desesperança e o filme do pessimismo a gente já viu muito no Brasil. Eu acredito muito nesse país, muito mais ainda nesse estado e nesta cidade” disse o governador Luiz Fernando Pezão, que também participou do evento na Firjan. Ele acredita que seja necessário investir no emprego, no desenvolvimento e na criação de um ambiente favorável para que haja o crescimento econômico. “Eu acredito no crescimento econômico. Já pagamos um preço muito alto no país por conta da diminuição desse crescimento”, afirmou o governador.

Pezão assumiu um tom de otimismo, no entanto avisou aos presentes que teve que fazer cortes na própria carne para manter o crescimento econômico do estado. “Todo mundo cortou na própria carne para manter o desenvolvimento econômico. Eu acredito que no diálogo e nas reuniões iremos conseguir soluções“. 

*Do Programa de Estágio do JB