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Greve dos caminhoneiros é reflexo de economia retrógrada, diz ex-ministro

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A greve dos caminhoneiros, que já atingiu 14 estados do País nos últimos oito dias, foi destacada pelo presidente do Conselho Empresarial de Políticas Econômicas da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), o ex-ministro da Fazenda Marcílio Marques Moreira, como reflexo de uma economia retrógrada. Com a queda da demanda de fretes, os caminhoneiros foram diretamente impactados. A categoria protesta contra o aumento do diesel, o valor dos pedágios e o preço do frete. 

“Não tendo carga para transportar, os preços caem e a inflação, que é geral, aumenta os valores do diesel e dos pedágios. Essa é uma situação complexa que tem fundamentos econômicos, mas também regulamentares”, explicou o ex-ministro, durante reunião do Conselho nesta quinta-feira (26/2).

Marcílio Marques Moreira defendeu uma profunda reforma econômica - e de mentalidade - de empregadores e do mercado em geral. “O Brasil tem que ser passado a limpo, é um país retrógrado culturalmente. Tanto da parte dos dirigentes como dos empresários”, disse, acrescentando que o País está arraigado a preconceitos da década de 50, quando o pensamento dominante era de que países fortes deveriam se isolar do mundo. Para o ex-ministro, enquanto os países modernos que estão progredindo, como a China, por exemplo, por estarem inseridos numa cadeia de produção e distribuição e de uma cultura global, o Brasil permanece no passado. “A baixa produtividade do Brasil, consequência da péssima competitividade, está agravando ainda mais esse distanciamento de um mundo que renova e está numa transição importante para uma sociedade de mais justiça e eficácia ”, completou.

O presidente da ACRJ, Antenor Barros Leal, frisou que a greve é apenas um ponto de uma situação econômica de crise e indagação. “A atividade econômica está baixa, isso faz com que a demanda de transportes diminua. Assim, os caminhoneiros não conseguem pagar as prestações de seus veículos e, consequentemente, ficam insatisfeitos”. Para Barros Leal, o mais importante agora é pensar na solução e não em nos pontos da crise.

Para este ano, as projeções apontam uma retração em torno de 0,5 ou 1% do Produto Interno Bruto (PIB). “Esse número pode até agravar, caso haja necessidade de racionamento ou de eletricidade ou de água”, concluiu Marcílio Marques Moreira.