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FT: Brasil é atingido pelo rebaixamento da Petrobras

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Os títulos brasileiros, ações e a moeda foram sacudidos na quarta-feira (25/02) depois que a Moody’s rebaixou a nota da Petrobras para grau especulativo, citando o escândalo de corrupção na empresa. É o que diz uma matéria do jornal britânico Financial Times, publicada nesta quinta-feira (26/02).

“O movimento da Moody’s — a primeira agência de classificação de risco a retirar o grau de investimento da Petrobras — precipitou o preço das ações da empresa para em 4,9% para R$ 9,38 no fechamento das negociações em Bolsa de São Paulo, enquanto o índice Bovespa caiu mais de 1% antes de reduzir perdas para 0,1%”, escrevem Joe Leahy e Vivianne Rodrigues. 

“Os spreads nos títulos internacionais da Petrobras se expandiram em até 50 pontos base enquanto o real enfraqueceu 1,3% frente ao dólar para R$2,87, quando analistas especularam que as agências de classificação  Standard & Poor’s e a Fitch podem também estar preparadas para tomarem ações parecidas. 

Se uma ou as duas cortarem a classificação da Petrobras para grau especulativo, muitos investidores institucionais nos Estados Unidos não seriam mais capazes de deter os títulos, provocando outra onda de vendas”, diz o artigo do FT. 

“A ação rigorosa de hoje da Moody’s eleva a bar para a outras agências e muitos participantes do mercado podem antecipar ações parecidas por parte das outras duas grandes agências de classificação,” afirmou o Deutsche Bank em um comunicado. 

O rebaixamento da Petrobras pela Moody’s em dois graus para “Ba2” com uma perspectiva negativa se segue às investigações da polícia federal do esquema de corrupção na estatal que praticamente tem um monopólio sobre as reservas de petróleo do país em águas profundas. 

A Petrobras não tem conseguido calcular suas perdas decorrentes do caso de corrupção, impedindo a PricewaterhouseCoopers (PwC) de aprovar os balanços. 

Isso provocou uma crise de confiança, fechando a empresa e seus fornecedores para os mercados internacionais de capitais e ameaçando desencadear um default técnico se não puder produzir resultados auditados por volta do meio do ano. 

A presidente Dilma Rousseff, que era presidente do Conselho de Administração da Petrobras até assumir a presidência do Brasil em 2010, indicou um novo presidente neste mês, mas o rebaixamento da Moody’s reflete uma crescente frustração com o lento progresso para reformular a empresa. 

“Moody’s does not yet see any concrete assurance that audited statements will be available by any particular date,” afirmou a agência. 

A Petrobras é a quarta maior emissora de títulos registrados  (Yankee bonds) excluindo instituições financeiras e soberanas, com cerca de US$ 42 bilhões em bonds outstanding, de acordo com dados da Dealogic. 

Alguns dos títulos mais ativamente negociados da Petrobras com vencimento em 2023 perderam cerca de 10% de seu valor desde novembro, na medida em que os rendimentos subiram a 7%, de acordo com dados da Bloomberg. Isso contrasta com os rendimentos médios para a dívida de grau de investimento denominada em dólar de 2,91%. 

Os males da Petrobras também estão causando devastação em empresas em sua cadeia de suprimentos. 

A empresa de serviços de petróleo e gás Schahin Petróleo e Gás foi a última a ter sua classificação de crédito rebaixada na terça-feira. 

A Standard & Poor’s citou a incapacidade da empresa de estender o perfil de vencimento de sua dívida de curto prazo.

“A combinação de preços baixos do petróleo, que podem pôr em risco a viabilidade econômica da exploração do pré-sal, e as atuais investigações da corrupção na Petrobras?limitaram a habilidade da empresa de ter acesso ao mercado de títulos,” afirmou a Standard & Poor’s.