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Analistas projetam inflação alta e baixo crescimento em 2015

De acordo com estimativa média, IPCA deve ter alta de 6,6% e PIB de 0,5%

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O próximo ano ainda deve significar um grande desafio para a economia brasileira, apesar das medidas anunciadas, que foram vistas como positivas pelo mercado. De acordo com estimativa média de 20 instituições financeiras e consultorias procuradas pelo Valor Data, 2015 deve contar com crescimento do PIB, mas apenas de 0,5%, e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve ficar acima do teto da meta do Banco Central, em 6,6% -- 0,1 ponto percentual acima.

Para os analistas consultados pelo Valor Data, conforme destaca reportagem do Valor Econômico, as políticas fiscal e monetária com maior restrição devem manter um ritmo mais lento ao crescimento da economia brasileira, com alguma recuperação no segundo semestre. Com base no que já foi anunciado pelo governo, o ano deve garantir um provável corte nas despesas públicas, que poderia ocorrer em relação ao seguro desemprego, auxílio doença e pensão por morte, e ainda uma possível alta de impostos, entre outros fatores que influenciariam o crescimento lento.

O cenário apontado pelos analistas, em relação ao PIB e à inflação, também leva em conta os efeitos do ciclo de aperto monetário iniciado pelo Banco Central ainda em outubro deste ano. Para eles, isso poderia levar a uma taxa Selic de 11,75% de agora para 12,5% até o final de 2015. O cenário externo também é apontado como agravante. Eles citam a economia da Argentina, da China, da Rússia, com sua crise devido à queda de commodities como o petróleo, e ainda a recuperação dos Estados Unidos, que deve levar o Fed (banco central norte-americano) a normalizar a política monetária do país.

Eles apostam em um superávit de primário de 0,9% do PIB, contra o 1,2% do PIB apontado pelo novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Para eles, trata-se do ajuste mais desafiador para a economia brasileira, que não deve ainda chegar a estabilizar a questão da dívida bruta do governo, mas que seria o suficiente para evitar a perda do grau de investimento do país nas agências de classificação de risco.

"O fato de Levy ter prometido um superávit de 2% para 2016 e caminhar para cumpri-lo já é uma indicação para as agências (de risco) esperarem um ano ou dois", analisou Cristiano Souza, do Santander, ao Valor. Souza também acredita em um aumento da taxa de desemprego em regiões metropolitanas, de 4,9% neste ano para 5,5%. 

Para o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, contudo, o risco de rebaixamento não pode ser descartado, considerando a exposição da Petrobras e o baixo crescimento que o país deve registrar.

O índice de Formação Bruta de Capital Fixo, entretanto, deve ter alta em 2015, de 1,1%, contra a queda esperada de 7% deste ano, calculou Alessandra Ribeiro, da Tendências, para o Valor. As estimativas de Alessandra eram maiores, de 2,4%, mas as denúncias relacionadas à Petrobras e a forte queda do preço do petróleo a fizeram repensar o número, considerando que o plano de investimento da estatal representa 10% do investimento do país.