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Preços do petróleo insustentavelmente baixos: para onde vamos?

Jornal Financial Post, do Canadá, prevê que retomada deve estar próxima

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O jornal canadense Financial Post publicou nesta segunda-feira um artigo em que analisa a repercussão da forte queda nos preços do petróleo, que “chegaram a um nível baixo insustentável”. O jornalista John Kemp escreve que “futuros contratos para Brent e WTI caíram abaixo de US$ 60 e US$ 55 por barril respectivamente mas muitos produtores de petróleo bruto estão recebendo preços bem mais baixos.

A Plains Marketing, por exemplo, está agora oferecendo apenas US$ 39,69 por barril para o petróleo bruto da Williston Basin Sweet e menos de US$ 50 para um amplo leque de outros petróleos dos Estados Unidos, de acordo com seu último boletim de preços, publicado no dia 15 de dezembro”.

Ele continua sua análise: “Bilhões de projetos de gastos de dólares de capital foram ou serão adiados pelas maiores empresas de petróleo do mundo, independentes e produtores de xisto, que, se todos permanecessem cancelados, gerariam uma enorme queda na oferta de petróleo por volta do fim da década.

Com esses preços, a produção de xisto na maioria dos arrendamentos nos Estados Unidos não pode render. Só algumas das áreas mais favoráveis com a melhor geologia e baixos custos de transporte continuam lucrativas. Até nesses casos as margens de lucro são extremamente pequenas.

Se os preços lançados  permanecerem nos atuais níveis baixos, quase toda a atividade de perfuração de xisto vai acabar sendo interrompida, e a produção de petróleo nos Estados Unidos começaria a cair rapidamente por volta do fim de 2015 e em 2016 quando a produção de poços existentes começar a recuar.

Assim como os preços estavam insustentavelmente altos quando o Brent era comercializado acima de US$ 100 na maior parte do tempo entre 2011 e 2014, incentivando muita perfuração e conservação, os preços do petróleo agora despencaram a um nível insustentavelmente baixo.

O mercado teve uma reação exagerada aos sinais de um iminente superávit da produção em 2015 ao cortar preços a um nível que vai cancelar não só projetos paralelos mas quase todas as novas perfurações, dado tempo suficiente.

É uma bolha clássica – a imagem do espelho do aumento frenético em preços na direção do seu topo em US$ 147 por barril em julho de 2008 (“O mercado do petróleo está preso em uma bolha negativa” 14 de novembro).

Como qualquer bolha, é impossível prever por quanto tempo ela vai continuar a inflar ou até onde os preços podem ser distendidos antes da bolha estourar.

Em uma bolha, os preços tendem a tornar-se muito mais distorcidos do que os observadores racionais acharam possível antes de corrigir, então não há razão para os preços de petróleo não possam cair em um curto prazo.

Mas bolhas também tendem a ser  bastante curtas porque suas dinâmicas internas são tão instáveis e a divergência entre preços do mercado e os subjacentes  fundamentos de oferta/demanda se tornam alongados demais para ignorar (“Explicações comportamentais fazem sentido na queda do petróleo” 1º de dezembro).

Em 2007/08, os preços do Brent levaram nove meses para dobrar de cerca de US$ 75 em Outubro de 2007 a atingir um topo um pouco abaixo de US$ 150 em julho de 2008. Em 2014, levou até seis meses para cortar pela metade de US$ 115 a US$ 59.

Se for impossível prever o quão baixo os preços podem cair antes de serem corrigidos é pelo menos possível supor que o ponto de viragem não está longe em termos de tempo.

"As quatro quedas anteriores nos preços do petróleo nas últimas quatro décadas (1985/86, 1997/98, 2000/01 e 2008/09 foram todos rapidamente seguidos de altas dos preços depois que o mercado reagiu severamente à queda. O mercado parece estar indo na direção de algo parecido no atual ambiente em que preços caem a níveis que são simplesmente insustentáveis por mais do que um curto período”, conclui o Financial Post.