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"Eike Batista e a verdadeira história do grupo X" é lançado no Rio

Jornalista fala sobre trajetória do empresário com documentos e declarações inéditas

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A jornalista Malu Gaspar lançou na noite desta terça-feira (25) seu livro "Tudo ou Nada - Eike Batista e a verdadeira história do grupo X", na Livraria Travessa do Shopping Leblon, no Rio de Janeiro. Motivada pelo ineditismo e importância de histórias e evidências que se revelaram enquanto acompanhava a trajetória das empresas de Eike, e também pelo personagem este representa, iniciou uma pesquisa minuciosa que gerou a publicação. Documentos inéditos e depoimentos de 106 personagens fundamentais ajudam a contar a história do homem que já foi apontado como o 7° mais rico do mundo, e agora se vê envolvido em processos sobre crime contra o mercado e com empresas em recuperação judicial.

Malu Gaspar é editora da revista Veja no Rio de Janeiro e acompanha a trajetória de Eike Batista e seu grupo desde 2005, quando chegou ao Rio de Janeiro para ser chefe da sucursal carioca de Exame. Em conversa com o Jornal do Brasil, ela destaca o fato da aproximação ter iniciado justamente no período de auge do empresário. Ao seguir os passos do grupo X e ouvir pessoas relacionadas, percebeu que se tratava de um grande personagem. Quando teve início a trajetória de queda, viu que o que acontecia não era retratado e que renderia uma grande história. "Eike representa um período do capitalismo brasileiro", resume.

Malu reconstitui a trajetória de ascensões e quedas do empresário, com pesquisa sobre ele e sua carreira desde o início dos anos 1980 até o colapso em 2012. Especialista na cobertura econômica, ela pesquisou fontes inéditas, levantou documentos jamais vistos e ouviu amigos, ex-amigos, colaboradores, ex-colaboradores, admiradores e adversários de Eike, que nunca haviam falado a respeito dele e das empresas. Eles revelam tramas que montam um novo quebra-cabeça, que promete ajudar a compreender não só o caminho do grupo mas também a cabeça de seu líder.

"Vi de muito perto o grupo X ascender ao topo do capitalismo brasileiro. Conheci seus executivos, acompanhei os momentos de tensão e glória, o surgimento das primeiras dificuldades. (...) Sempre me impressionou o tamanho da ambição e a grande quantidade de projetos e planos que suas empresas cultivavam, assim como a facilidade que tinha de convencer o mercado e o público sobre sua capacidade de executá-los. Soube, de início, mais por fontes de fora do grupo, que muitos não eram factíveis. Fiquei preocupada quando  vi a bolha X se formando e logo passei a buscar as pistas de que ela estava prestes a estourar", conta a autora.

A autora ainda buscou mostrar como a personalidade peculiar de Eike Batista influenciava na tomada de importantes decisões. Segundo ela, Eike tem um grande carisma, capacidade de liderança e um talento especial para vender seus projetos, atrair pessoas e mobilizar recursos, mas vive em conflito com executivos, administrava colocando uns contra os outros, subestimava dificuldades e sempre foi incapaz de manter o foco num único projeto, por mais complexo que ele fosse.

"Deixo claro no livro que Eike sabia estar patrocinando uma mentira. O fato de ter ido à falência junto com suas empresas não o absolve, como ele costuma afirmar. Graças aos devaneios que vendeu ao mercado, ele se tornou o sétimo homem mais rico do mundo e passou a integrar a elite global dos negócios. Teve muitos lucros, colheu muitos louros e só quebrou de forma tão fragorosa porque, ao se julgar alguém iluminado e especial, cometeu erros demais. Estamos falando, porém, de um empresário experiente nos meandros do mercado financeiro, que já lidou no passado com mercados até mais regulados e restritos do que o brasileiro e sabe que não poderia ter conduzido os negócios e a relação com o mercado da forma como fez", conclui Malu Gaspar.