A América Latina é a região mais desigual do mundo depois que o número de bilionários aumentou em 38% no último ano, segundo um estudo divulgado nesta quinta-feira (30).
Na América Latina, "os mais ricos tem quase 50% da renda da região enquanto os mais pobres têm apenas 5%", informou em relatório a ONG Oxfam. O aumento de bilionários na região entre 2013 e 2014 foi muito superior a qualquer outra região do mundo.
Segundo o relatório "Iguais: acabemos com a desigualdade extrema. É hora de mudar as regras", as grandes fortunas da América Latina e do Caribe têm sido depositadas em paraísos fiscais. O valor atinge cerca de US$ 2 bilhões, o que equivale ao Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Os níveis de evasão fiscal de empresas em países como o México ou Equador são 46% e 65%, respectivamente, segundo a Oxfam, que aponta que nenhum dos países impõe "sanções suficientes" para acabar com a prática.
O aumento de bilionários é um fenômeno mundial e duplicou desde que a crise começou a crescer. Em 2008, havia 793 membros do seleto grupo e, em 2013, subiu para 1.645. As 85 pessoas mais ricas do mundo ganharam, em conjunto, US$ 668 milhões diariamente e quase meio milhão por minuto, o que supõe um aumento de 14% de suas fortunas.
"Hoje em dia, o crescimento econômico está só beneficiando os mais ricos e seguirá sendo assim até que os governos atuem para reverter essa dinâmica perversa", disse Winnie Byanyima, diretora-executiva da Oxfam internacional. O relatório aponta, como uma das razões do rápido crescimento da desigualdade econômica, o fundamentalismo do mercado, a captura política pelas elites e as leis criadas para proteger interesses de poucos.
Com 1,5% da riqueza dos bilionários, poderia ser dada educação a todas as crianças dos países mais pobres e assistência médica às 49 nações menos favorecidas do mundo, segundo cálculos da Oxfam.
Na Espanha, segundo país mais desigual da União Europeia, as 20 pessoas mais ricas tem uma fortuna similar à renda das 30% mais pobres da população. Elas alcançaram em março deste ano, a riqueza de US$ 115,4 milhões, quantidade de renda similar aos 30% mais pobres - o que dá cerca de 14 milhões de pessoas.
A Espanha ainda é a nação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) onde "a desigualdade cresceu mais nos últimos anos", disse o diretor-geral da Oxfam espanhola, José María Vera.
Segundo o diretor, a redução dos pressupostos espanhois em saúde ou educação e a prática de sumir com as ajudas à dependência, à imigração ou à inserção social demonstram que "não há uma vontade política para combater a desigualdade e favorecer às pessoas mais afetadas pela crise". (ANSA)