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Aplicação da Portugal Telecom gera crise com Oi

Transação gera desconforto na brasileira, que entrou no creditwatch negativo da S&P

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A crise gerada na Oi pela descoberta da aplicação de 897 milhões de euros da Portugal Telecom na Rioforte tem gerado novos impactos no mercado. O caso pode parar na comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos. Além disso, a Oi voltou para a lista de "creditwatch" negativa da Standard & Poor's. Com a divulgação da aplicação, representantes da Oi no Conselho da Portugal Telecom renunciaram ao cargo - Otávio Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez, e Fernando Magalhães, da Jereissati Participações. O caso chama atenção pelo montante que teria passado despercebido, envolvendo duas empresas de tal porte, e que pode gerar prejuízos a investidores. 

A Rioforte passa por dificuldades financeiras e a maior parte de sua dívida com a Portugal Telecom, 847 milhões de euros, vence no dia 15 deste mês. Ela é holding do Grupo Espírito Santo, sócio da Portugal Telecom. Especula-se que a Portugal possa perder uma fatia de suas ações na empresa que resultará de sua fusão com a Oi, a CorpCo, caso o prejuízo ocorra, saindo de uma participação de 37% para algo entre 20% e 30%.

Para a Standard & Poor's, existe a possibilidade da Portugal Telecom perder tais investimentos, devido a fragilidade financeira do grupo português Espírito Santo. A Oi havia saído da lista creditwatch do dia 26 de maio, devido, justamente, a crença de que a fusão entre Oi e PT seria favorável.

A Oi, que já vinha lutando para melhorar sua imagem, se vê envolvida em mais um caso negativo, que pode parar na comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos, além das localizadas no Brasil e em Portugal. Isto porque a oferta pública de ações, uma das etapas da fusão, realizada em abril, foi registrada no Brasil e nos Estados Unidos. Na ocasião, foram movimentados R$ 13,95 bilhões, R$ 5,71 bilhões de ativos da PT e a grande maioria do exterior, principalmente de fundos americanos e europeus, que podem tentar interferir no processo de fusão.

A Oi informou que vai tomar "as medidas necessárias" para defender seus interesses. Ela afirma que não foi informada e que não participou da decisão de aplicação da verba na Rioforte. A Portugal Telecom, por sua vez, diz que tem repassado as informações necessárias à Oi e que está "fortemente empenhada" para solucionar o problema. Para a CVM de Portugal, informou que as duas empresas e o Grupo Espírito Santo conseguirão encontrar soluções adequadas para proteger os interesses dos acionistas. A PT também ressalta que a compra dos papéis da Rioforte foi feita antes do aporte de ativos da Oi.

Devido ao estágio avançado do processo de fusão, este não deve ser interrompido, apesar da nova descoberta. A Oi, no entanto, poderia abrir mão da fusão, já que a empresa portuguesa deixou de divulgar uma informação importante para a avaliação de ativos.