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Comerciantes reclamam de baixo faturamento durante a Copa do Mundo

Representantes de sindicatos de comerciantes apontam feriados e obras como causas

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A quantidade de feriados está atrapalhando o comércio na cidade do Rio de Janeiro, segundo as associações de comerciantes. A grande reclamação é que a movimentação cai em dias de jogo do Brasil e também quando o Maracanã recebe partidas do Mundial. Para ambos os casos, o prefeito Eduardo Paes determinou meio expediente ou recesso durante todo o dia. O objetivo é, principalmente, desafogar o trânsito.

Segundo o presidente do Sindicato dos Lojistas do Rio de Janeiro (Sindilojas-Rio), Aldo Gonçalves, “o comércio da cidade está sofrendo com a perda de faturamento”. Ele explica que “a Copa tira o foco do consumo, ninguém pensa em comprar. Além disso, nossa carga tributária é muito alta e nenhum turista vai comprar roupas aqui, por exemplo”. Somado a isso o presidente do Sindilojas diz que, “os feriados que estão sendo decretados, esvaziam as ruas. Por mais que o comércio esteja autorizado a funcionar, não tem ninguém na rua para consumir”.

Aldo demonstra os em números prejuízos estimados, calculados com base em dados do IBGE. “O faturamento diário do comércio no Rio é de R$ 370 milhões. Considerando a perda de 50% a 70% durante o Mundial – devido aos feriados e ao baixo consumo – ao final da Copa teremos um prejuízo de quase R$ 2 bilhões”, explica.

Neste sábado (28) o Brasil entrará em campo mais uma vez, contra o Chile pelas oitavas de final da Copa do Mundo. “Nesse dia, o comércio deve fechar entre as 11h e as 12h. Ou seja, é um dia perdido. O feriado está atrapalhando”, diz o presidente do Sindilojas-Rio. Sobre o recesso decretado para esta quarta-feira (25), Aldo comenta: “É um absurdo, mostra a falta de planejamento da Prefeitura do Rio”. Ele também enfatiza que, “as obras e engarrafamentos contribuem negativamente para esses dados”.

Os problemas com as obras que acontecem na cidade também preocupam a presidente da associação de comerciantes do Leblon, Evelyn Rosenzweig. Para a instalação da linha 4 do metrô, alguns comerciantes reclamam dos tapumes em frente e ao redor dos estabelecimentos. Evelyn conta que, em alguns casos, foi concedido um desconto de 60% do preço do aluguel de comerciantes, mas nem todos usufruem do benefício. “O Leblon está vivendo um momento difícil desde dezembro de 2012 com as obras que vem acontecendo e tiveram um impacto muito grande e que tem sido cada vez maior. A gente entende a necessidade de fazer essas obras, mas é difícil. Tudo foi agravado pela obra da linha 4 do metrô, então, estamos nos adaptando”, conta Evelyn.

Sobre a Copa do Mundo e o grande número de feriados, a visão de Evelyn também não difere das constatações de Aldo Gonçalves. “A Copa movimentou pouco o comércio. Tem sido boa principalmente para os estabelecimentos ligados à gastronomia. O problema é a quantidade de feriados, que atrapalham muito e são terríveis. Eles prejudicam principalmente o varejo e os comerciantes liberais, mas eu venho recebendo reclamações de comerciantes de vários tipos de serviço”, comenta. Questionada sobre os reflexos disso, Evelyn explica: “Os prejuízos existem, mas os custos se mantêm. O aluguel continua sendo cobrado e você tem que arcar com os custos da sua mão de obra, que não está produzindo como faz normalmente porque é feriado. Quem sente menos são os shoppings, mas, ainda assim, a situação não é ideal. Não sei como se repõe isso, precisamos pensar”.

Em Ipanema, o panorama é semelhante. O diretor da associação de comerciantes do bairro, Bruno Pereira, aponta que “certos segmentos como gastronomia, hotelaria e lembranças para Copa estão indo bem. Para os outros, está mais difícil”. Bruno também reclama das obras e diz que “Ipanema está sofrendo com as intervenções da linha 4 do metrô. Algumas lojas na Visconde de Pirajá estão escondidas pelos tapumes e isso prejudica as vendas e aumenta e favorece casos de delinquência”. De acordo com o diretor, “os comerciantes esperavam que o movimento fosse aumentar com a Copa do Mundo, mas isso não aconteceu. Os feriados atrapalham ainda mais porque ninguém sabe o que está aberto ou não, fica confuso para o cliente”.

Na Grande Tijuca, em pontos distantes do estádio do Maracanã, nem mesmo os estabelecimentos ligados à gastronomia têm apresentado grande movimentação. A informação é do presidente da associação de comerciantes da região, Jayme Moura. “Ainda não temos dados oficiais, teremos apenas ao final da Copa. Mas o que eu ouço dos comerciantes e o que eu vejo é que, na região da Grande Tijuca existe uma movimentação significativa pela grande visitação ao Maracanã. Ainda assim, o turista que vai ao estádio, visita e vai embora. Quem vem para o jogo, assiste e também vai embora. Dificilmente ele vai ficar pela Tijuca”. Segundo Jayme, “por conta dos feriados, houve uma grande queda no comércio. Pode até ser um momento bom para o ramo da gastronomia, bares e restaurantes. Mas, nos feriados, esses estabelecimentos também ficam vazios”. Jayme conta que na Praça Saens Peña, o comércio fecha e acaba com todo o movimento por ali. Os comerciantes já esperavam que os feriados fossem atrapalhar. O problema não é a Copa, é a quantidade de feriados inteiros e de meios períodos. Nesse momento a situação não é boa, o prejuízo é grande” .

*Do Programa de Estágio do Jornal do Brasil