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Endividadas, empresas brasileiras tentam se manter à tona

Empresas de mineração e etanol estão sob stress

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O The Wall Street Journal, em sua edição desta quarta-feira (19) fez uma análise sobre o estresse que algumas empresas brasileiras estão passando após um período de crescimento em que se endividaram para fazer novos investimentos. A matéria ressalta que parte da culpa por esse processo se deve á retenção dos preços dos combustíveis. Veja abaixo trechos da matéria.

 A economia do Brasil cresceu apenas 2,3 % em 2013, em comparação com 7,5% em 2010. O país também tem lutado contra uma inflação persistentemente elevada , o que obrigou o seu Banco Central a elevar os juros . Empresas de etanol e mineração estão entre aqueles que tentam se manter à tona , como a economia brasileira tenta sair de sua queda.

Algumas empresas brasileiras, em situação frágil, têm buscado a proteção judicial, desde que o país, em 2005, mudou sua lei de recuperação judicial para permitir que as empresas possam se reestruturar, em vez de entrar logo num processo de liquidação, o que vem aumentando ano a ano. Em 2013, 874 empresas buscaram proteção judicial, passando de 252 em 2006, primeiro ano completo da lei, de acordo com números compilados pela Serasa Experian. Enquanto isso , os pedidos de liquidação caíram pela metade, passando para menos de 2.000, no ano passado, enquanto que em 2006 foram mais de 4.000.

Os produtores de etanol no Brasil têm ficado sob pressão nos últimos meses, pelo fato do governo segurar os preços da gasolina, e consequentemente empurrar os preços do etanol também para baixo. A consultoria Alvarez & Marsal informou que o setor agrícola, representadas principalmente por empresas de etanol , é responsável por cerca de 20% de sua lista de clientes de reestruturação no Brasil.

"O governo está ganhando votos à custa de do setor de etanol", disse Joel Thomaz Bastos, um dos advogados do escritório Dias, Arystóbulo , Flores, Sanches e Thomaz Bastos, de São Paulo. Bastos representa produtores de açúcar de médio porte e a Aralco S.A. Açúcar e Álcool , que pediu proteção contra falência no Brasil no final de fevereiro, com R$ 1,8 milhão ( US$ 776 milhões) em dívida.

A Aralco vendeu US$ 250 milhões em títulos, o que deixou seu caixa em boas condições financeiras,  pouco antes dos investidores correrem para vender títulos do governo brasileiro em meio a temores de que o rating de crédito do país poderia ser rebaixado. Menos de um ano depois, alguns dos títulos da empresa são negociados a cerca de oito centavos de dólar.

Outra empresa que enfrenta dificuldades é a Virgolino de Oliveira S.A. que cultiva e esmaga cana de açúcar para a produção de açúcar e etanol. Embora a empresa, conhecida como GVO, tenha honrado juros sobre uma de suas obrigações, não seria capaz no momento de emitir novos títulos internacionais se quisesse, porque o apetite do investidor diminuiu, segundo afirmou o diretor financeiro da empresa,  Carlos Otto Laure.

A GVO deve cerca de US$ 600 milhões para os credores no Brasil, EUA, Europa e Ásia. Segundo Laure, o refinanciamento da sua dívida por meio de investimentos privados seria uma opção. Alguns de seus títulos estão sendo negociados a cerca de 55 centavos de dólar, e os conselheiros de reestruturação dizem que estão acompanhando de perto a empresa. Laure ressaltou, no entanto, que a GVO não está planejando pedir concordata .

Empresas de mineração de ouro como a Jaguar Mining Inc. e Mirabela Nickel Ltd. Estão trabalhando com os credores para reestruturar suas dívidas. Enquanto Mirabela está reestruturando sua dívida, na Austrália. As empresas brasileiras ainda têm que lidar com a incerteza em torno da lei de reestruturação do país. Mesmo depois de duas delas, peças-chave do império gigante de Eike Batista, a OGX Petróleo e a Gás Participações S.A. (agora conhecida como Óleo e Gás Participações S.A.) e a OSX Brasil S.A. de construção naval, que pediram proteção contra falência em 2013, algumas empresas ainda temem o estigma do processo de reestruturação. "Nos EUA, todo o processo de recuperação judicial é mais amadurecido e as empresas se sentem mais confortáveis ??em busca de proteção mais cedo", disse Marcos Spieler, diretor da unidade brasileira do banco de investimento Rothschild Inc.