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'Washington Post': América está caindo para segundo lugar na economia global

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América em breve deixará de ser a maior economia do mundo. A afirmação está no artigo "América está caindo para o segundo lugar. Não entre em pânico", publicado nesta terça-feira (21/1), no jornal Washington Post. O autor do texto, Charles Kenny, membro do Centro para o Desenvolvimento Global, esclarece que os dados do "Penn World Tables" provam que o PIB da China foi de 1.0400 bilhões dólares em 2011. Porém, como a economia da China cresceu de 7% a 10% ao ano, em comparação com o histórico recente dos EUA, de menos de 3%, o país deve assumir a liderança em 2017. 

Segundo o autor, a China é uma nação cujo o setor comercial supera os Estados Unidos no total das importações e exportações em 2012. Arvind Subramanian, economista que já foi do Fundo Monetário Internacional, prevê que até 2030 o mundo terá quatro principais agentes econômicos: China será o peso pesado, seguida pelos Estados Unidos e União Europeia, e depois vem a Índia. Kenny cita um recente levantamento do Conselho de Chicago, que aponta para apenas 9% dos americanos que acreditam na estimativa que o crescimento chinês vai beneficiar os Estados Unidos, enquanto 40% acham que esse quadro será negativo para os americanos. Outra pesquisa da YouGov, realizada em 2012, sugere que cerca da metade dos norte-americanos preferiria ver os Estados Unidos no topo deste ranking, mesmo com o crescimento econômico "anêmico". O autor diz que o crescimento da China impõe alguns desafios, mas, por outro lado, as oportunidades que ele oferece deve superá-los. 

Independente da sua posição na economia global, os Estados Unidos ocupa a 19a. posição como nação menos corrupta, de acordo com a Transparência Internacional. Está na 67a. colocação na classificação de igualdade de remuneração entre homens e mulheres, avaliada no ano de 2013 pelo Gender Gap Report, do Fórum Econômico Mundial. Está entre os 31 países de alta renda pertencentes à Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento. Ficou em terceiro lugar no PIB per capita em 2011, mas na 27a. posição em expectativa de vida, 29a. na mortalidade infantil, 23a. no desemprego, 27a. nos resultados dos testes de matemática e 30a. em igualdade de renda.

O artigo avalia que nos momentos em que a China assumiu um primeiro lugar, mesmo assim o país ficou muito atrás das nações importantes no cenário mundial, acerca dos indicadores que refletem a qualidade de vida. "Para começar, há muito mais pessoas que compartilham do PIB da China, até mesmo as previsões mais otimistas para o crescimento econômico do país sugerem que a renda per capita seja menor do que nos Estados Unidos, nas próximas décadas. O americano vive uma média de cinco anos a mais do que um chinês, e os direitos civis e políticos da maior economia do mundo são abusados de forma rotineira. Vivendo em uma América que ocupa o segundo lugar no PIB da China, ainda será muito, muito melhor do que viver na China", diz o texto.

O artigo prevê que o dólar pode perder a sua posição dominante como moeda de escolha comercial para as reservas do Banco Central, além de alguns especialistas fazem a previsão de que se deve aumentar o custo dos empréstimos e exportações dos EUA. De fato, a participação do dólar das reservas mundiais já caiu de cerca de 80% no ano de 1970 para cerca de 40% atualmente. Enquanto isso, as empresas do resto do mundo ainda conseguem exportar, mesmo com as dificuldades na conversão de moedas. Kenny acredita que a maior preocupação de Washington em manter o status de maior economia do mundo é manter os EUA com o maior orçamento de defesa do planeta. Atualmente, a América é responsável por cerca de 4 a cada 10 dólares gastos com a defesa global; a China está em segundo lugar, responsável por menos de um a cada 10 dólares investidos no setor.

O artigo ainda cita que nos últimos anos os mercados de exportação dos Estados Unidos na Ásia, África e América Latina têm crescido rapidamente. Três quintos das exportações da América vão para o mundo em desenvolvimento, o que sugera que cerca de 6 milhões de americanos são empregados para fornecer bens e serviços para os mercados emergentes. À medida que o mundo em desenvolvimento fica mais rico, ele importa mais e cria mais postos de trabalho nos EUA.

De acordo com o texto, o resto do mundo também vem inventando coisas a partir de técnicas de construção modular da China, para novas terapias com drogas e processos de fabricação de cimento e para aplicativos bancários móveis, no Quênia. "Podemos nos beneficiar dessas invenções, tanto quanto nós já nos beneficiamos de inovadores estrangeiros que vieram para os Estados Unidos", destaca o autor.