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Brasil está no ranking dos países mais atrativos para investimento estrangeiro

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O Brasil continua entre os 10 países com maior fluxo de Investimento Direto Estrangeiro (IDE), mantendo-se no ranking dos mais atrativos para investimento. Os números do IDE de 2013 serão divulgados até o final desta semana, mas o jornal espanhol El País antecipou, nesta terça-feira (21/1), as previsões econômicas brasileiras, na reportagem "O Brasil continua sendo um dos dez países mais atrativos para investir". Segundo o veículo, apesar do pessimismo exagerado de alguns especialistas, os resultados descartam uma ameaça do Brasil cair no ranking de investimentos, bem como abre o debate sobre a qualidade deles.   

O El País destacou que Luís Afonso Lima, diretor-presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo das Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), calculou que o país chegou a 63,500 bilhões em IED, depois dos 65.200 milhões de euros alcançados em  2012 e dos 66,6 milhões, em 2011. O valor acumulado entre janeiro e novembro do ano passado foi na margem de 57.500 bilhões e as projeções divulgadas pelo Banco Central (BC) apontam para um saldo de 63 milhões para este ano.

"Isso não é ser algo pessimista para o Brasil. Mas, menos otimista. Há um quadro menos favorável e não apenas para a cena do país. Temos um fluxo global mais baixo do que o investimento direto", diz Lima. Se as estimativas de Lima estiverem corretas, o investimento estrangeiro foi superior a 2,5% do PIB brasileiro em 2013.

Desde o ano de 2011, o Brasil mantém um volume líquido de IED superior a 60 milhões de dólares. Esse ano, chegou ao pico da série histórica iniciada em 1947, representando um salto de 37% em relação a 2010, quando o resultado foi de 48.500 milhões de dólares. Até 1996, o valor não atingiu dois dígitos, chegando, no máximo, a 4.400 milhões de dólares.

O IED é caracterizado pelos investimentos estrangeiros na criação, fusão ou aquisição de unidades de produção no mercado interno, além das transações internas entre a controladora e as suas dependências no exterior. O consultor Gradual Investimentos também destacou a posição do Brasil, com previsão de resultados semelhantes, tanto para o ano passado quanto para 2014. "Embora o Brasil tenha muitos problemas, a tendência é melhorar. Últimas ações inspiraram maior confiança em um país que geralmente resolve os seus problemas macroeconômicos", avalia o economista e presidente do grupo, André Perfeito.

Perfeito está se referindo à decisão do BC para elevar a taxa de juros de 0,50% a 10,5% ao ano, que cresceu num patamar mais alto do que a inflação esperada para 2013. As movimentações do BC começaram logo, num ano marcado pelas eleições presidenciais, o que, teoricamente, poderia impedir novas medidas deste tipo. "Acho que o governo está ciente de que você tem que ajustar", diz Edmar Bacha, um dos pais do Plano Real, o plano de estabilização econômica impulsionada nos anos 90.

A presidente Dilma Rousseff foi criticada por permitir que a inflação aumentasse, adotando a política de redução da taxa de juros. O novo aumento do BC pode ser um alívio para o governo. Apesar de todas as dificuldades com relação ao investimento estrangeiro, o Brasil é mais atraente do que outros países emergentes. Na semana passada, um estudo coordenado pela consultoria Marsh, apoiado pela Maplecroft, descreveu o Brasil como um país de risco político "médio", entre os principais mercados internacionais. Entre os BRICS, apenas a África do Sul teve o mesmo resultado: o risco da China e da Índia foi classificado como "alto" e, na Rússia, como "extremo".

Isso não significa que não haverá desafios para fortalecer a confiança internacional no país em 2014, especialmente para atrair investimentos do exterior. Uma delas é a de resistir a uma possível queda no ranking pelas agências de classificação de risco soberano. O principal indicador do mercado acionário brasileiro, por exemplo, caiu no último dia 7 de janeiro, após novos alarmes emitidos pela Standard & Poors. Um fato que não seria suficiente para reduzir o nível de investimento.

A reportagem do El País ressalta um outro desafio: melhorar a qualidade dos investimentos. O recente aumento do IED também é marcado pelo crescimento dos chamados "empréstimos entre empresas", que consiste em transferências de dinheiro de matrizes no exterior que tem filiais localizadas no Brasil. De acordo com Lima, em 2012, a operação correspondeu à 19% do total, enquanto que no período entre janeiro e novembro do ano passado foi de 34%. Isso significa que, dos 57.500 milhões recebidos nesse período, cerca de 20 milhões vieram como empréstimos entre controladora e controladas.

A modalidade foi promovida como uma alternativa para aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), adotado pelo governo. Em 2012, houve uma incidência de 6% de IOF sobre os depósitos estrangeiros, com vencimento de até cinco anos. 

O El País cita um dos pilares da política de investimento estrangeiro adotado pelo governo Dilma. No setor automotivo, por exemplo, o programa de Inovação Auto estabelece uma tarifa para carros importados, o que resultou na chegada de novos fabricantes ao país. Até 2016, nove novos fabricantes devem chegar ao Brasil, incluindo a BMW, Jaguar Land Rover e Jac Motors. Embora este modelo para atrair investimentos tenha sido contestado pela UE, na Organização Mundial do Comércio, já obteve mais de 7 mil anúncios. A linha de petróleo e gás também atrai o investimento estrangeiro, principalmente para aqueles que pretendem ser fornecedores da Petrobras. A estatal dá preferência à fábricas locais.

Mas agora a hora é de alcançar a diversificação dos investimentos, segundo sugerem os economistas ao El País. Grandes operações de petróleo e gás natural estão entre os principais destinos do IED. "O investimento depende de algumas atividades. Se houver eventos, como o leilão britânico (para um lote de maca do pré-sal), por exemplo, não podem ter os mesmos investimentos que alimentaram os anos anteriores", acrescenta o diretor-presidente da Sobeet.