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Superávit comercial da Alemanha incomoda EUA e Comissão Europeia

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Os Estados Unidos e a Comissão Europeia estão reclamando do robusto superávit comercial da Alemanha registrado no período de um ano. As divergências em torno do assunto é um dos temas principais abordados pela revista alemã Der Spiegel desta semana, que apresenta uma entrevista com o italiano Marco Buti, membro mais antigo da Comissão Europeia para Assuntos Monetários, no cargo de economista-chefe. Segundo a Spiegel, Buti não é muito "querido" em Bruxelas, pela sua tendência de "culpar os muitos problemas da zona do euro sobre a natureza e os efeitos da política econômica alemã". 

Spiegel afirma que Buti está especialmente irritado com os desequilíbrios na zona do euro e, no entendimento do economista, países como a Alemanha são parcialmente responsáveis pela turbulência nas nações do sul, pelo fato deles serem "inundados" por bens de consumo alemãos. "Buti terá mais uma oportunidade para chamar os alemães e pedir explicações na próxima semana, em 15 de novembro, quando a Comissão Europeia lança o seu relatório de alerta precoce. O relatório identifica os países cujo déficit ou superávit é particularmente grande em relação à produção econômica", adianta a revista. Se a Comissão Europeia analisar o fato como um problema, ela pode submeter o país a uma "análise aprofundada", que poderia ser seguido por uma repreensão. 

Para a Der Spiegel, "um velho debate está retornando com uma vingança". A revista explica que o governo alemão tem sido ridicularizado por muitos anos em função das exportações da Alemanha, que supostamente perturbam a paz econômica global. A denúncia foi de Christine Lagarde, na época que respondia pelo ministério das Finanças da França, e atualmente é chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), assim como uma longa linha de secretários do Tesouro dos Estados Unidos. A Spiegel diz ainda que o secretário do Tesouro, Jacob Lew, tomou a mesma linha na semana passada e, de acordo com um relatório de seu departamento, a Alemanha foi identificada como uma ameaça superior, à frente da China.

A reportagem da Der Spiegel afirma que a acusação dos governos contra a Alemanha é sempre a mesma: Os alemães adquiriram uma vantagem razoável por via unilateral e com foco em exportação, e agora eles estão inundando o mercado externo com seus produtos. Ao mesmo tempo, este ponto de vista sustenta que os alemães vivem e consomem abaixo de seus meios, o que é prejudicial para as empresas estrangeiras, porque há menos demanda por seus produtos na Alemanha, afirma a revista alemã. 

Representantes do governo alemão querem transformar esse argumento, dizendo que os problemas na Europa do Sul não são culpa da Alemanha. A reportagem ouviu ainda a opinião de funcionários do Ministério das Finanças, que afirmam não haver muitos procedimentos a fazer quanto os excedentes, porque eles simplesmente não têm a alavancagem necessária. "Ninguém no mundo está sendo forçado a comprar carros ou máquinas alemães, eles observam, por isso deve a proibição do governo alemão exportam? Este é o tipo de coisa que nem sequer trabalham sob o socialismo", destaca um dos funcionário à Spiegel.

Veja aqui a reportagem na página da Der Spiegel.