O leilão do campo de Libra para o governo foi um grande
sucesso e, na mesma intensidade, um fracasso para a oposição. No meio dessas
opiniões opostas, no entanto, cabe uma mais racional e menos política. Para o
ex-ministro Delfim Neto, a licitação não foi tão boa quanto se comemora e nem tão
ruim quanto se critica. “No fundo, acho que a principal ação que refletiu muito
bem nesse resultado foi a definição da diretoria da PPSA pelo governo. Essa escolha
teve um papel muito importante no resultado final do leilão e demonstrou que
não estava sendo entregue para companheiros de passeata, mas para gente competente”,
disse o ministro.
Delfim afirma ainda que há uma diferença significativa entre o sistema de partilha e o de concessão, mas que essas duas formas de exploração talvez sejam até equivalentes, “desde que se façam as escolhas adequadas”, ressalta ele. Para o ministro, ambos tem suas virtudes e riscos, mas o princpla problema para ele foi que esse processo não foi bem projetado. Apesar da ressalva, Delfim afirma que haverá uma mudança para o país. “Essa era a joia da coroa e a presidente Dilma tem razão quando diz que esse leilão vai representar uma mudança nas perspectivas brasileiras”, diz ele.
Para Delfim Neto, o leilão de Libra teve sérios defeitos, mas o governo percebeu a tempo e indicou gente competente para a PPSA e, de certa forma, atraiu a Shell e a Total que são empresas, segundo ele, de alta tecnologia e excelente gestão. “Ao participar da disputa, essas empresas demonstraram confiança no Brasil”, afirmou Delfim. Esse sistema de partilha, diz o ministro, introduz uma insegurança muito grande na licitação e ficou claro, segundo ele, que deverá ser revisto.
A Petrobras, afirma o ministro, é uma empresa competente que domina como poucas a tecnologia de águas profundas. “Domina tão bem ou melhor que qualquer outra multinacional, mas acho que o sucesso do leilão deveria ter sido maior. De qualquer forma, será um divisor de águas nesse momento. A participação da Shell e da Total quebra essa ideia de que o governo teria como sócio apenas os chineses, num processo estatizante. Acaba também com a ideia de o governo não teve sensibilidade diante desse processo, quando vemos as escolhas para a diretoria da PPSA”, disse ele.
“Na minha opinião, as virtudes dessa licitação são muito maiores que os defeitos e será um ponto de inflexão no Brasil. Vai também melhorar a imagem do país. Já sabemos agora os principais defeitos desse regime de partilha e em 2015 vamos ter que analisar isso, quando novos leilões forem feitos”, completou Delfim.