ASSINE
search button

Pré-sal lança Brasil numa nova posição no cenário econômico mundial  

Compartilhar

O pré-sal, sem dúvidas, é a grande aposta do governo federal. Os números da exploração do Campo de Libra, parte da reserva brasileira de petróleo, apontam para uma guinada forte na economia do país. Com leilão do Campo de Libra programado para esta segunda-feira (21), a exploração do campo promete render R$ 270 bilhões aos cofres públicos, revertidos para a educação e a saúde. Em longo prazo, nos seus 35 anos de exploração previstos, o valor pode saltar para R$ 370 bilhões arrecadados pela União. 

Com a dependência econômica mundial em relação ao petróleo, os impactos na economia a partir da exploração petrolífera são inúmeros: geração de investimentos estrangeiros e nacionais, aquecimento e desenvolvimento da indústria, além do papel de destaque do País no cenário econômico e político global. O chefe do Departamento de Economia da Universidade Federal Fluminense, Luciano Losekann explica as vantagens dos investimentos no Campo de Libra e em todo o pré-sal.

“Primeiramente, é o retorno que surge a partir dos investimentos para explorar e desenvolver esse Campo de Libra, que é um campo gigantesco, com reservas estimadas de oito a doze bilhões de barris. Isso envolve investimentos de até US$ 200 bilhões. O pré-sal como um todo soma US$ 700 bilhões de investimentos previstos a partir do seu desenvolvimento”.

Losekann ainda comenta o que isso representa na posição do Brasil no contexto internacional, frente aos outros países. “É a mudança do papel do Brasil no cenário mundial. Antes, o Brasil tinha um papel marginal, e buscou a sua autossuficiência. Com o pré-sal, passa a ser um grande produtor e exportador de petróleo”.

Essa visibilidade ainda vai abrir portas para mais investimentos estrangeiros no Brasil, além da provável parceria econômica com a China, já que a presença dos asiáticos no leilão do Campo de Libra promete ser massiva. Além disso, recursos que deixaram de ser aplicados no país devem fazer o caminho contrário e retornar para aquecer a economia. 

O professor ainda dá a estimativa de exportação da Agência Nacional de Energia Elétrica. De acordo com o órgão, o Brasil deve exportar em 2013 2,2 milhões de barris diários. Até 2030, o número saltaria para 5,5 milhões de barris diários, o que representa um excedente de exportação de 2,6 milhões de barris diários. “Isso colocaria o Brasil entre os principais exportadores de petróleo no mundo. O segundo que mais acrescentaria à sua produção até esse horizonte, o que dá ao Brasil um enorme papel de destaque”, ressalta Losekann.

Além dos números positivos, Losekann acredita que a exploração do Campo de Libra gera dinamismo nas indústrias do País, que hoje passam por um período delicado. “Eu acho que o pré-sal dá oportunidades, a partir de um maior dinamismo que será empregado na indústria do petróleo e afeta outros segmentos que dependem dessa indústria petrolífera. Isso contribui para um maior crescimento da atividade industrial brasileira, que vem sofrendo queda nos últimos anos. É a oportunidade de dar um passo à frente no desenvolvimento brasileiro”, aposta o professor universitário.

Sobre a tecnologia empregada no Campo, o Brasil é considerado um dos países mais avançados pela sua excelência mundial na aplicação de tecnologia de exploração e produção em águas profundas e ultraprofundas. A Petrobras foi a empresa pioneira no desenvolvimento desse tipo de exploração, e hoje faz escola. 

Greve dos petroleiros

Contudo, trabalhadores do ramo do petróleo parecem caminhar na direção contrária de todo este avanço e benefícios que o país terá com a exploração do pré-sal. Funcionários da Petrobras e suas subsidiárias estão paralisados por tempo indeterminado. Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), a paralisação não foi desencadeada por questões salariais, mas por temas como segurança, meio ambiente, saúde e soberania nacional. Apesar do discurso, pedem reajuste salarial de 16,53%. A Petrobras oferece aumento de 6,09% (IPCA) no salário-base, além de 7,68% na Remuneração Mínima por Nível e Regime (RMNR), e um abono equivalente a uma remuneração ou R$ 4 mil, o que for maior.