ASSINE
search button

Na Copa, voo Rio-São Paulo sai mais caro que Rio-Buenos Aires

Compartilhar

Mesmo a oito meses da Copa do Mundo, o evento já começa a ter reflexos na rotina da população. Quem deseja ou precisa adquirir passagens aéreas durante o Mundial terá que desembolsar mais do que o habitual, ainda que a viagem nada tenha a ver com o torneio. O trecho mais movimentado do Brasil, a ponte aérea Rio-São Paulo,entre os aeroportos de Congonhas e Santos Dumont, já apresenta tarifas que chegam a ser dez vezes mais caras do que as cobradas em dias normais.

Até a semana passada, era mais barato garantir uma viagem com destino à Europa ou aos Estados Unidos, no período dos jogos, do que se deslocar até o estado vizinho. Os voos partindo do Rio de Janeiro em direção a São Paulo, local onde será realizado o jogo de abertura do evento, marcado para o dia 12 de junho, atingiram valores estratosféricos.

Em empresas como a Avianca e a TAM, onde foram identificadas as maiores variações de preço, os bilhetes custavam em torno de R$ 1.900,00 e R$ 2.400,00, respectivamente. Com esse dinheiro, os consumidores poderiam comprar passagens para a ilha paradisíaca Curaçao, no Caribe. Já a Gol cobrava valores próximos a R$ 1.700 e a Azul, com saída de Guarulhos, vendia passagens por R$ 600,00. Os valores em dias normais, em média, não ultrapassam os R$ 350,00, em todas as empresas de aviação.

No caminho contrário, os altos preços se repetem. Para quem quer seguir de São Paulo até o Rio na data da final da Copa do Mundo, prevista para ser realizada na cidade maravilhosa no dia 13 de julho de 2014, encontra a mesma média de preço. A TAM cobra o mesmo valor de aproximadamente R$ 2.400,00 e a Avianca alça a tarifa para quase R$ 3.000,00. As outras, Gol e Azul, mantêm a média de valor cobrada no trecho inverso.

Em outros trechos menos concorridos, o aumento gerado pela Copa também pôde ser sentido. Sair de São Paulo em direção a Belo Horizonte na época das oitavas-de-final, em 28 de junho, significa desembolsar mais de R$ 2.700 na TAM, trecho que, em condições normais custa em torno de R$ 250. De Brasília a Natal, em 19 de junho, os bilhetes já chegam a quase custar o triplo do normal.

Nesta segunda-feira (14), as empresas reduziram o preço das tarifas do período em relação aos valores da semana passada, mas algumas ainda apresentam alta na comparação com dias normais. A Gol e a Avianca, por exemplo, estão cobrando R$ 876,90 e R$ 905,00, respectivamente, valores que poderiam garantir uma passagem com destino à capital argentina Buenos Aires. A Azul e a TAM agora tarifam o bilhete em pouco mais de R$ 300. É uma oportunidade para garantir uma viagem mais barata antes que os preços voltem a subir.

Em respostas de suas assessorias, a TAM e a Gol responderam que o valor das passagens varia de acordo com a demanda de cada destino e com a oferta de assentos disponíveis. Com a procura maior e o limite de inclusão de voos extras, os bilhetes restantes se tornam mais caros. As outras empresas, Azul e Avianca, não se posicionaram até o fechamento da matéria.

O assessor de imprensa da Associação Brasileira das Empresas Aéreas, David Maziteli, reforça a justificativa das empresas. “O aumento de preço está dentro do mecanismo que rege o preço de passagens, que são os parâmetros de oferta e procura, e a Copa é um evento com demanda concentrada em dias e horários específicos. As empresas têm oferta limitada de assento, estamos falando de uma das rotas mais movimentada do mundo (Rio-São Paulo) e de aeroportos que não tem possibilidade de aberturas de novos voos, aeroportos que já têm horários definidos para operar. Isso é um fator de limitação e esses fatores levam a uma tendência de elevação de preços”, explica.

Também procurada pelo JB, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que a principal causa para alteração no preço das passagens é a sazonalidade e que o setor é controlado por um regime de liberdade tarifária, que “torna a formação de preços do setor bastante dinâmica e complexa”. Apesar disso, afirmou que “realiza o acompanhamento permanente das tarifas comercializadas pelas empresas em todas as linhas aéreas domésticas de passageiros”.