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Aumento da Selic causa preocupação entre setores da indústria

Decisão tomada pelo Copom nesta quarta-feira foi a segunda não unânime em um ano

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Após o Banco Central (BC) anunciar aumento de 0,25% da taxa Selic, setores da produção industrial se mostraram preocupados em relação ao desempenho dos investimentos. A Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) e a Federação do Comércio de São Paulo (Fecomercio-SP), foram algumas das instituições que criticaram a nova taxa de 7,5% ao ano.

Os setores eram unânimes em defender outro caminho para conter a inflação, como investimentos públicos, controle de gastos de custeio e mudanças na política de metas. Há o entendimento de que a conjuntura econômica atual se dá por uma questão estrutural e os juros não possuem influência em itens como alimentos e serviços, que vinham causando pressões inflacionárias. Segundo a CNI," o aumento da Selic é extremamente prejudicial à indústria".

Para o economista-chefe da corretora Gradual, André Perfeito, já há um processo de desaceleração econômica em curso e o aumento da Selic poderá causar prejuízos em longo prazo, levando-se em consideração a taxa de câmbio:

"A tendência dos principais países é injetar dinheiro nos bancos, comprar títulos públicos e baixar a taxa de juros. Com os juros altos aqui, o real se fortalecerá, enfraquecendo o dólar, o que pode nos trazer problemas na balança comercial”, explica. A preocupação é que os investimentos estrangeiros entrem na especulação e não na produção, pois a possibilidade de lucrar a partir da diferença de juros entre os países é grande. Com essa entrada maciça de dólares, o real se valoriza e favorece as importações em detrimento da produção nacional, o que afeta a indústria brasileira. 

Decisão sem unanimidade

No período de um ano, a reunião do Copom de ontem (17) foi a segunda em que não houve uma decisão unânime ( a última havia sido em outubro de 2012). Com a predominância da unanimidade nas reuniões anteriores, o resultado de ontem mostra ter sido um dos mais complexos em muito tempo. A taxa de 7,25% era a menor da história, por isso há um consenso de que agentes e empresas não conseguiram se "reinventar" com esse índice, e muitos imaginam que a Selic possa ser alterada nos próximos encontros do Copom. 

*Do projeto de estágio do Jornal do Brasil