O Banco Central (BC) divulgou o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), na última sexta-feira (12). A queda em fevereiro, estimada em 0,52% na comparação com janeiro, decepcionou os analistas. É o pior resultado registrado pelo BC para meses de fevereiro em relação a janeiro, desde 2003.
Na segunda reportagem da séria que procura explicar, de forma didática, o que são alguns conceitos corriqueiramente usados na economia, mas pouco entendidos ou esclarecidos, o Jornal do Brasil aborda o PIB. As matérias são publicadas todos os domingos durante o mês de abril.
O Produto Interno Bruto é a soma de todas as riquezas produzidas dentro de um país. Na conta que mede a atividade econômica entram investimentos, gastos do governo, exportação, consumo das famílias e importação, sendo este último um fator que vai contra o crescimento. O PIB do Brasil chegou a R$ 4,403 trilhões em 2012, segundo dados do IBGE. Neste mesmo ano o crescimento foi de apenas 0,9%, apesar das medidas de incentivo feitas durante o ano pelo governo.
Investimentos e Indústrias
Dentro desta conta, economistas apontam dois grandes entraves para alavancar a economia: a indústria, que sofre competição dos produtos importados, e os investimentos, que atualmente representam menos de 20% do Produto Interno Bruto. Para aumentar esta participação, o governo vem anunciando uma série de medidas como financiamentos públicos, obras de infra-estrutura e desonerações tributárias. As medidas, que também incluem a derrubada da taxa básica de juros e a queda na conta de luz - uma das maiores do mundo - também visam incentivar a indústria.
A derrubada da Selic, atualmente em níveis históricos de 7,25%, é importante, tanto para os investimentos como para incentivar as indústrias. "O investidor pensa: posso ganhar dinheiro através dos juros, na minha casa, sem aborrecimento, comprando títulos da dívida brasileira. Porque então iria investir em produção, que é burocrática e demanda capital alto? Porém, o investimento é fundamental, gera emprego e renda", analisa Fernando Sarti, diretor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (IE/Unicamp).
Com a taxa básica de juros maior, a entrada de dólares no país também aumenta, pela facilidade de se lucrar com a Selic. Com isso, o real acaba valorizado, aumentando o preço dos produtos nacionais e reduzindo o valor dos importados, prejudicando a indústria do país.
Importância
O crescimento do PIB é importante pois com a economia alavancada aumenta-se a renda, os empregos e a arrecadação de impostos em geral. Só no último ano o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, desonerou diversos impostos. O Brasil vive uma excessão: mesmo com o crescimento baixo da economia, o emprego e a renda continuam subindo, ao contrário do que se espera, intrigando os economistas
"Nós estamos crescendo à base do mercado interno, que está super aquecido através do consumo. Mas é importante incentivar a indústria pois é um setor altamente empregador e com renda maior que os serviços, onde os empregos estão concentrados atualmente", conclui Pedro Paulo Bastos, também na Unicamp.